Um dia depois de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmar que o Senado não poderia decidir sozinho acerca da retomada das comissões mistas, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) conseguiu emplacar entre todos os líderes da Casa a questão de ordem que apresentou na quarta-feira, requerendo a reinstalação dos colegiados. O retorno das comissões foi definido, ontem, pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A decisão representa dupla derrota para Lira, que é inimigo político de Calheiros. A rivalidade dos dois é uma reedição das eleições de 2022, em que cada um tinha um candidato ao governo de Alagoas. No decorrer desta semana, o deputado e o senador trocaram farpas nas redes sociais.
Na reunião de lideranças, ontem, o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), se manifestou pela retomada das comissões mistas. A postura demonstra que o Palácio do Planalto voltou atrás na sinalização que deu a Lira, de apoio ao atual rito das medidas provisórias.
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Na coletiva de ontem, o deputado ressaltou que o próprio governo tinha dado a orientação de preservar o atual formato. O Correio apurou com interlocutores do presidente da Câmara que caciques das 23 legendas da Casa não queriam abrir mão das prerrogativas.
"Se o Senado insistir numa decisão draconiana em fazer unilateralmente a instalação das comissões mistas, instala-se, não se delibera, e isso pode derrubar as medidas provisórias do governo. Na comissão mista truculenta, não vão andar as matérias de medida provisória", ameaçou Lira.
Segundo o deputado, "há dificuldade em se entender quem manda ou quem dirige o Senado". "Posicionamentos políticos locais não deveriam interferir na dinâmica do Brasil. Lamento que a política regional de Alagoas interfira no Brasil. O Senado não pode ser refém da política de Alagoas e nem do Amapá", acrescentou Lira, referindo-se ao senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), com quem estava tentando apoio para negociar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) do fim das comissões mistas.
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