Rio de Janeiro

Lula critica juros altos e Campos Neto: "A história julgará"

O chefe do Executivo se dirigiu ao presidente do banco como "esse cidadão" e disse que "quem tem que cuidar do Campos Neto é o Senado" para que o mesmo se atente não apenas à política monetária, mas também ao emprego da população

Ingrid Soares
postado em 23/03/2023 14:41
 (crédito: Reprodução / TV Brasil)
(crédito: Reprodução / TV Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (23/3) que a "história julgará" as decisões do Banco Central de manter a taxa de juros em 13,75%. O chefe do Executivo se dirigiu ao presidente do banco como "esse cidadão" e disse que "quem tem que cuidar do Campos Neto é o Senado", para que o mesmo se atente não apenas à política monetária, mas também ao emprego da população. A declaração ocorreu durante visita ao Complexo Naval de Itaguaí, onde é desenvolvido o programa do submarino nuclear da Marinha, no Rio de Janeiro.

"Quem tem que cuidar do Campos Neto é o Senado que o indicou. Ele não foi eleito pelo povo. Ele não foi indicado pelo presidente, mas pelo Senado. Quando eu tinha o [Henrique] Meirelles, que era indicado meu, eu conversava com o Meirelles. Mas, agora, se esse cidadão quiser, ele nem precisa conversar comigo. Ele só tem que cumprir a lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central. Ele precisa cuidar da política monetária, mas precisa cuidar também do emprego, precisa cuidar da inflação e precisa cuidar da renda do povo. É isso que está na lei", apontou.

Lula também foi questionado se Campos Neto estava fazendo seu papel. "Não está fazendo. Se ele estivesse fazendo [a parte dele], eu não estava reclamando. Eu sou bobo de reclamar de uma coisa boa?", questionou. As falas do presidente ocorrem após a reunião do Copom, que manteve os juros a 13,75%.

"Precisamos encontrar caminhos para que a economia brasileira cresça além da normalidade que todo mundo fala. Ninguém aguenta esse país a cada 45 dias uma parte fica defendendo a taxa de juros alto e outra parte fica criticando. Eu passei oito anos na presidência em que toda reunião do Copom tinha alguém pra fazer crítica ao aumento da taxa de juros, sobre a redução e tinha gente pra falar bem. É preciso a gente deixar que quem tem que cuidar das coisas cuide. Cada um faz a crítica que quiser", defendeu.

"Eu digo todo dia: não tem explicação pra nenhum ser humano do planeta Terra a taxa de juros no Brasil estar a 13,75%. Não existe explicação. Eu, como presidente da República, não posso ficar discutindo cada relatório do Copom. Eu não posso. Eles paguem o preço deles, o que eles estão fazendo. A história julgará cada um de nós", completou.

"A única coisa que eu sei é que a economia brasileira precisa crescer, nós precisamos gerar emprego"

O petista comentou ainda sobre os 100 dias de governo a serem completados no próximo dia 10.

"Quando a gente for anunciar o que aconteceu, nós vamos apresentar um outro programa de desenvolvimento para esse país. Nós temos que fazer estrada, temos que fazer ponte, temos que fazer ferrovia, temos que cuidar do saneamento básico, cuidar do tratamento da água, nós temos que cuidar da saúde, cuidar da educação, tem tudo pra fazer. Por que que eu vou ficar brigando com os outros? Eu vou fazer"", disse Lula. 

"Dentro desse meu fazer está a gente preparar uma forte indústria de defesa para que a gente possa contribuir com a articulação das nossas Forças Armadas. Quanto mais preparada ela estiver, mais ela vai cuidar da nossa soberania, da nossa fronteira, do espaço aéreo, da nossa floresta, da nossa riqueza, dos minerais, do solo, do subsolo, ou seja, é isso que o país precisa", acrescentou ainda o presidente.

Por fim, Lula ainda alfinetou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmando que o Brasil passou quatro anos em "uma xingação só".

"O país passou quatro anos em uma xingação só, todo mundo xingava todo mundo. Todo mundo levantava de manhã, ao apertar o botão do elevador, se alguém apertasse outro andar, já brigava. Se alguém fosse sair de carro e alguém saísse da frente, já brigava. É preciso reverter esse país. Então eu vou fazer isso, é a minha missão, é quase que uma profissão de fé, provar que esse país vai voltar a ser um país em que o povo viva de cabeça erguida, feliz", concluiu.

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