Ao ser cobrado por enfermeiros pelo pagamento do piso salarial da categoria, durante viagem a Recife, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (22/3), que o governo deverá usar subsídio para pagar as Santas Casas. A declaração ocorreu durante evento onde anunciou a recriação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), política voltada para fortalecer a agricultura familiar.
"Quando cheguei, tinha uns companheiros, com muita razão, discutindo a questão do piso da enfermagem. É importante apenas que a gente esclareça às pessoas o que aconteceu, porque se não a gente pensa que está fazendo o bem, e não está. Quando foi aprovado o piso - com o qual, eu já disse antes, tô dizendo agora e vou dizer amanhã, eu concordo - os empresários do setor privado da saúde entraram com uma ação no STF, com o argumento de que não podiam pagar. Eu acho que eles podem pagar, mas entraram com argumento dizendo que não, e tem uma ação que está na mão do ministro Barroso", relatou.
- O que executivos de sucessora da Odebrecht farão em viagem de Lula à China?
- Em Recife, Lula retoma programa de alimentação e anuncia recursos para encostas
Saiba Mais
Lula, porém, destacou que aguarda decisão do STF e alfinetou o ex-presidente Jair Bolsonaro chamando-o de "boca rota", por xingar e desrespeitar ministros da Corte. "O presidente não pode atropelar a decisão. Quem fazia isso era o ‘boca rota’ do Bolsonaro, que ficava xingando a Suprema Corte todo dia. Eu quero respeitar a decisão. Primeiro, a rede hospitalar privada pode pagar. Quem é que tem dificuldade de pagar? As Santas Casas. Mas para as Santas Casas não atrapalhar a pagar o piso, a gente vai tomar a decisão de usar um subsídio para financiar o pagamento ou uma parte do pagamento das Santas Casas", contou. As unidades atendem pacientes do SUS e recebem repasses da União.
O petista relatou também que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, se reuniu hoje com o ministro Roberto Barroso. "A única coisa que não posso é tomar uma decisão com o processo no STF. Hoje, o nosso ministro-chefe da Casa Civil foi ao gabinete do ministro Barroso tentar conversar com ele para ver se ele tomava logo a decisão para liberar o governo de tomar a decisão. Quero que saibam que para uma pessoa que estuda medicina, para uma enfermeira padrão, comum, que fica trabalhando às vezes 24 por 12 ou 24 por 24, ganhar R$ 2.500, R$ 3.500, R$ 4.000, não é muito. É pouco. E, por isso, temos que dar o piso", disse.
Paciência
O presidente novamente pediu paciência à categoria. "É importante apenas esperar que a gente cumpra o rito legal, a gente não pode atropelar. Eu, presidente não posso atropelar. Tenho que esperar, mas fiquem certos de que vão receber o piso. É apenas a gente cumprir aquilo que está nas regras constitucionais do nosso país. A gente vai resolver esse problema", prometeu.
Aprovado em 2022, o Piso Nacional da Enfermagem estabelece salário de R$ 4.750 por 40 horas trabalhadas para os enfermeiros; 70% desse valor (R$ 3.325) para os técnicos em enfermagem; e 50% do total (R$ 2.375) para auxiliares de enfermagem e parteiras.
O pagamento do piso no país segue sob discussão no Ministério da Saúde, para definição da fonte dos recursos. Em setembro passado, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a lei que criou o piso salarial da categoria.
Na data, a CNSaúde afirmou que a decisão de Barroso reconhece que a Lei, sem a aprovação das devidas fontes de custeio, representaria uma ameaça aos empregos da enfermagem.
Saiba Mais
- Política Na Paraíba, Lula participa de inauguração de parque de energias renováveis
- Política Com Lewandowski, Lula assina acordo de gestão compartilhada de Noronha
- Política Comissão da Câmara aprova convites a ministros Dino, Fávaro e Lupi
- Política Em Recife, Lula retoma programa de alimentação e anuncia recursos para encostas
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.