O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (21/3) que apesar do Brasil ocupar o posto de segunda maior nação negra do planeta, o país ainda não acertou as contas com o passado de 350 anos de escravidão.
“Apesar de todos os esforços e avanços, este país ainda tem uma imensa dívida histórica a resgatar”, declarou Lula durante discurso após assinar o decreto que reserva às pessoas negras o percentual mínimo de 30% na ocupação em Cargos Comissionados Executivos (CCE) e Funções Comissionadas Executivas (FCE) no governo. O chefe do Executivo defendeu ainda que o “racismo precisa ser combatido como uma praga”.
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“Sem cidadania plena não há democracia plena. Sem equidade de raça e gênero tampouco haverá democracia. Direitos, oportunidades e justiça para todos e todas. Essa é a verdadeira democracia. O racismo está na raiz das desigualdades. Por isso, precisa ser combatido como uma praga”.
“A verdade é que nenhum país do mundo será uma verdadeira democracia enquanto a cor da pele das pessoas determinar as oportunidades que elas terão ou não ao longo da vida”, apontou.
Sem citar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas citando os últimos quatro anos, Lula falou em retrocesso e desmantelo de políticas públicas.
“Mais de um século após uma abolição que abandonou homens, mulheres e seus filhos à própria sorte, testemunhamos nos últimos quatro anos uma tentativa de retrocesso ao passado colonial. Por inação ou ação deliberadas, políticas públicas foram desmanteladas, direitos fundamentais foram sonegados e a fome voltou a assolar o país. A vida foi afrontada pela necropolítica e a democracia foi capturada pelo escárnio e a estupidez”, alfinetou.
“O povo negro não será tratado neste governo apenas como público beneficiário de programas sociais, mas como protagonista de sua própria história. Chega de limitar os papéis que a população afrodescendente pode ou não ocupar. Vocês podem ser o que quiserem, como quiserem e onde quiserem. Cabe ao Estado garantir oportunidades iguais para todos e todas”, declarou.
“Este é um governo aberto ao diálogo com a sociedade civil, com o movimento negro e com os movimentos de direitos humanos. Reconstruir este país e criar políticas públicas cada vez mais inclusivas é uma tarefa coletiva”, completou.
“Com as ações de hoje, voltamos a responder concretamente a bandeiras históricas do movimento negro. Há muitos anos, suas lideranças sabem que quanto maior a presença de pessoas negras nos espaços políticos, mais forte o enfrentamento ao racismo no país”, concluiu o presidente.
Lula anunciou também um pacote de medidas para a promoção da igualdade racial. Entre os anúncios estão o programa Aquilomba Brasil, que retoma a promoção dos direitos da população quilombola; a concessão de títulos de terra a cinco associações quilombolas; o Novo Programa Nacional de Ações Afirmativas; o Plano Juventude Negra Viva; a criação do grupo de trabalho para o Enfrentamento ao Racismo Religioso; e o grupo de trabalho de Preservação do Cais do Valongo.
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