O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (21/3) que “é “irresponsabilidade” do Banco Central manter a taxa de juros a 13,75%” e disse que seguirá “batendo” no banco para reduzir a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. A declaração ocorreu durante entrevista a TV 247. Hoje é o primeiro dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que divulgará a taxa de juros amanhã (22).
“A primeira coisa que eu acho absurdo, de verdade, é a taxa de juros estar a 13,75% no momento em que a gente tem os juros mais altos do mundo, no momento em que não existe uma crise de demanda, excesso de demanda. Nós ainda temos 33 milhões de pessoas passando fome, desemprego crescendo, a massa salarial caindo. Então, não há nenhuma razão, nenhuma explicação, nenhuma lógica. Só quem concorda com os juros altos é o sistema financeiro que sobrevive e vive disso e ganha muito dinheiro com as especulações. Mas as pessoas sérias que trabalham, os empregados que investem, sabem que não está correto. Ninguém pode tomar dinheiro emprestado a 13,75% com juro real de 8%, se descontar a inflação”, criticou.
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O petista disse ainda não se importar com a política de autonomia do banco.“Acho um absurdo os juros estarem a 13,75% e o BNDES está sem recurso para fazer investimento. A gente só vai poder mudar o Banco Central daqui a dois anos porque ele tem autonomia. Eu, sinceramente, nunca me importei com a autonomia do Banco Central, nunca achei que era importante. Eu não sei porque as pessoas acham que é importante autonomia. Eu tive o Meirelles (Henrique) como presidente do BC durante oito anos e ele teve muita autonomia”, emendou.
Lula também alfinetou o presidente do Banco, Roberto Campos Neto, afirmando que ele não possui compromisso com a lei de autonomia da instituição ao não se importar com a questão do emprego.
“É normal que as pessoas critiquem. Crítica é normal. Ninguém é obrigado a concordar. Eu, sinceramente, acho que o presidente do Banco Central não tem compromisso com a lei que foi aprovada de autonomia do Banco Central. A lei diz que é preciso cuidar da responsabilidade da política monetária, mas é preciso cuidar da inflação também, é preciso cuidar do crescimento do emprego, coisa que ele não se importa”.
"Eu vou continuar batendo, eu vou continuar tentando brigar para que a gente possa reduzir a taxa de juros, para que a economia possa ter investimento", acrescentou. “O que temos que ter certeza é que é irresponsabilidade do Banco Central manter a taxa de juros a 13,75%. É irresponsabilidade. Só quem gosta é o sistema financeiro. O que nós precisamos é fazer a economia brasileira voltar a crescer. Quando ela voltar a crescer, todo mundo vai ganhar dinheiro, vai ganhar o empresário, vai ganhar o trabalhador, vai ganhar o aposentado. É pra isso que eu vou brigar”, concluiu.
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