transfobia

Erika Hilton vai enviar notícia-crime ao STF contra Nikolas Ferreira

A deputada afirmou que vai acionar o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e o STF por conta das falas transfóbicas do parlamentar

Aline Brito
postado em 08/03/2023 20:34
 (crédito: Reprodução/Twitter)
(crédito: Reprodução/Twitter)

Após a deputada Tábata Amaral (PSB-SP) afirmar que, junto com outros parlamentares, entrou com pedido de cassação do mandato de Nikolas Ferreira (PL-MG) por falas transfóbicas em discurso na Câmara dos Deputados, a deputada Erika Hilton, uma mulher trans, anunciou que também vai acionar o Conselho de Ética da Casa e entregar notícia-crime — comunicação de um crime à autoridade responsável — ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado mineiro.

“Nenhuma transfobia terá palco. Nenhuma transfobia passará sem respostas políticas e jurídicas à altura. Transfobia é crime”, garantiu a Erika Hilton, por meio das redes sociais. Ela anunciou que, ainda nesta quarta-feira (8/3), data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher e que Nikolas usou como pretexto para ofender mulheres trans, acionará o Conselho de Ética e o STF para tomar as medidas cabíveis contra o parlamentar.

“A estratégia dos bolsonaristas e transfóbicos é antiga: usam nossas vidas de escada para se construir”, lamentou a deputada. O pronunciamento da parlamentar foi divulgado logo após o discurso com teor transfóbico feito por Nikolas Ferreira em plenário na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (8/3).

No discurso, o deputado afirmou que os parlamentares de esquerda só dariam espaço para ele falar no Dia da Mulher caso ele fosse do sexo feminino e, por isso, ele vestiu uma peruca loira e se denominou como “deputada Nicole”. "Hoje é o Dia Internacional das Mulheres, a esquerda disse que eu não poderia falar pois eu não estava no meu local de fala. Então eu solucionei esse problema aqui. Hoje eu me sinto mulher. Deputada Nicole”, debochou.

O deputado ainda disse que as mulheres estão perdendo espaço para “homens que se sentem mulheres”, que querem “colocar uma imposição de uma realidade que não é a realidade”. O Correio entrou em contato com a assessoria do deputado Nikolas Ferreira, para comentar sobre o pedido de cassação, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações. 

Duda Salabert pede punição por quebra de decoro

Outra deputada trans eleita nas últimas eleições, de 2022, e que, junto com Erika Hilton, foram as primeira a ocupar um cargo na Câmara dos Deputados, também se pronunciou contra as falas com teor preconceituoso proferidas por Nikolas Ferreiras.

Nas redes sociais, a parlamentar informou que entrou, nesta quarta-feira (8/3), com uma representação contra o deputado, para que ele “seja punido por quebra de decoro parlamentar”. “A deputada federal mais votada da história de Minas Gerais é uma travesti. A vereadora mais votada da história de Belo Horizonte é uma travesti. Temos duas travestis aqui (Câmara dos Deputados). Somos as primeiras de muitas. Sigamos com muito amor e poesia”, rebateu Duda na tribuna do parlamento.

Tábata Amaral repudiou o discurso de Nikolas

Logo após Nikolas Ferreira concluir o discurso, a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) subiu à tribuna e condenou as falas transfóbicas do parlamentar. “Estamos falando de um homem, que no Dia Internacional das Mulheres, tirou o nosso tempo de fala, para trazer uma fala preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta”, repudiou.

“Eu, ao lado da bancada do PSB e de muitos outros parlamentares, estou, neste momento, entrando com um pedido de cassação do mandato do deputado Nikolas Ferreira”, garantiu Tabata, que convidou outros deputados a se somarem no pedido.

A deputada, ao criticar as falas do deputado, lembrou que discursos como os de Nikolas reforçam o preconceito contra pessoas transsexuais. “A transfobia ultrapassa a liberdade de discurso, que é garantida pela imunidade parlamentar. Transfobia é crime no Brasil", declarou. “O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. Quando você faz uma fala criminosa como essa, você coloca a fala de todas nós em risco. Essa é a casa do povo, não dá para fingir que nada aconteceu”, reforçou.

Depois da iniciativa de Tabata, outras deputadas se juntaram ao movimento e endossaram tanto o pedido de cassação, quanto a notícia-crime e o acionamento do conselho de Ética. “Em pleno 8 de março esse sujeito acha que pode cometer crimes e sair impune. Não Passará”, assegurou Sâmia Bonfim (Psol-SP).

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