Um recibo oficial do governo mostra que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu mais um presente milionário do governo da Arábia Saudita. Trata-se de um conjunto que inclui um relógio, uma caneta, um parte de abotoaduras, um anel e um tipo de rosário — que, assim como aquele que foi retido pela Receita Federal, também são da marca suíça de luxo Chopard. Os itens estavam na bagagem de um dos integrantes da comitiva, mas não foram interceptados no aeroporto, segundo o jornal Folha de S.Paulo.
Este segundo presente dos sauditas foi entregue em novembro do ano passado, pouco antes de Bolsonaro deixar a Presidência, por Antônio Carlos Ramos — ex-auxiliar do então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque. O destino desse outro conjunto deverá constar na investigação que o ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, anunciou que pediria hoje à Polícia Federal. Além dessa apuração, o Ministério Público Federal (MPF) deve decidir se vai tocar um inquérito em separado ou se unificar a apuração com a PF.
Inicialmente, as apurações se referiam apenas à tentativa de entrar no Brasil ilegalmente com um conjunto de joias que seriam presente do governo saudita à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A caixa, que estava de posse de Marcos André Soeiro, ex-assessor de Albuquerque, tinha um conteúdo avaliado em aproximadamente R$ 16,5 milhões. As peças eram um colar, um par de brincos, um relógio cravejado de brilhantes e um anel.
As joias foram retidas porque a comitiva brasileira não deu entrada no país como sendo aquele um presente do governo saudita para o brasileiro — Albuquerque disse que estava registrado dessa forma, embora a Receita Federal só apreenda itens acima de US$ 1 mil que o usuário tenta fazer entrar ilegalmente no Brasil. Uma vez retidos, só são liberados depois de pagamento de impostos e multa, o que no caso das joias presentadas pelos sauditas daria praticamente quase o valor pelo qual estão avaliados.
Em pelo menos seis oportunidades, emissários do Palácio do Planalto tentaram liberar as joias. A última delas foi em 29 de dezembro, faltando apenas 48 horas para Bolsonaro deixar o Palácio do Planalto. O sargento do Marinha Jairo Pereira da Silva foi mandado ao aeroporto de Guarulhos (SP) para tentar reaver as joias, mas não conseguiu porque os auditores se negaram a entregá-las sem o pagamento dos impostos e das multas incidentes. O militar foi mandado em um jato da Força Aérea Brasileira (FAB) e quem providenciou a logística foi o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente.
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Bolsonaro, porém, nega que tenta havido alguma ilegalidade. "Estou sendo crucificado no Brasil por um presente que não recebi. Vi em alguns jornais, de forma maldosa, dizendo que eu tentei trazer joias ilegais para o Brasil. Não existe isso", afirmou, antes de participar de um evento nos Estados Unidos, onde está morando.
Segundo ele, a Presidência da República notificou a alfândega de Guarulhos. "Até aí tudo bem, nada de mais, poderia, no meu entender, a alfândega ter entregue. Iria para o acervo, seria entregue à primeira-dama. E o que diz a legislação? Ela poderia usar, não poderia desfazer-se daquilo. Só isso, mais nada", justificou-se.
Michelle, por sua vez, ironizou a situação quando o episódio da retenção das joias pela alfândega veio à tona. "Quer dizer que eu tenho tudo isso e não estava sabendo?", disse.
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