Inteligência

Servidores da Abin dizem ter receio de nomeação de diretores indicados

Em nota divulgada nesta sexta-feira (3/3), a Intelis, entidade que representa os servidores de inteligência, garantiu ter segurança no governo federal e afirmou que "os erros do passado não se repetirão"

Victor Correia
postado em 03/03/2023 13:42 / atualizado em 03/03/2023 13:44
 (crédito: Antonio Cruz/Agência Brasil )
(crédito: Antonio Cruz/Agência Brasil )

A União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin (Intelis), entidade que representa os servidores da agência, expressou receio nesta sexta-feira (3/3) sobre a nomeação de profissionais fora dos quadros da agência para cargos de direção. Em nota, a Intelis cita a nomeação de Alessandro Moretti para o cargo de diretor-adjunto do órgão; embora não mencione a indicação de Luiz Fernando Corrêa como diretor-geral, ele também não integra o quadro de servidores da inteligência.

Os dois diretores foram apontados pelo governo federal nesta sexta, em publicação no Diário Oficial da União (DOU). Moretti já pode assumir como diretor-adjunto, mas o nome de Corrêa deve ser aprovado pelo Senado Federal. A entidade ressalta, no entanto, que as ações recentes do governo federal trazem confiança de que “os erros do passado não se repetirão”, e voltou a elogiar a transferência da agência para o guarda-chuva da Casa Civil.

Casos de aparelhamento no passado

“Em nome da lealdade à nossa missão institucional, não podemos esquecer o recente histórico: as quatro ocasiões em que a Abin foi dirigida por quadros estranhos à área da inteligência de Estado foram marcadas por crises ou desvios de atribuição”, alerta a Intelis.

Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Abin foi marcada por denúncias de aparelhamento, como o uso de servidores da inteligência para acompanhar investigações da Polícia Federal sobre a família do ex-presidente. A PF chegou a apontar, em relatório, que um servidor da Abin confessou em depoimento ter sido escalado para colher informações sobre operação que envolvia Jair Renan Bolsonaro.

Sobre a nomeação de Moretti, a Intelis escreveu: “Defendemos que a gestão liderada por profissionais especializados é mais eficiente e traz melhores resultados para a sociedade e para o Estado. Portanto, a designação de um diretor-adjunto, cuja função é gerenciar a produção de Inteligência de Estado, fora desses quadros gera receio entre os servidores do órgão”.

Ida à Casa Civil é celebrada

A Intelis voltou a citar a ida da Abin para a Casa Civil, considerada positiva pelo quadro de servidores. Ontem (2/3), ela classificou a mudança como um “marco histórico” e “pleito consensual” da categoria.

“As demonstrações reiteradas do Poder Executivo de compromisso com o Estado de Direito e a segurança da sociedade brasileira nos trazem confiança de que os erros do passado não se repetirão”, disse a entidade.

Ela defendeu, contudo, que as próximas nomeações sejam feitas de dentro do quadro da Abin. “Esperamos que os novos gestores sejam portadores de mudanças positivas, permanecendo fiéis ao nosso pleito de que gestões futuras sejam lideradas exclusivamente por servidores da carreira de Inteligência”, frisou.

Confira a nota da Intelis na íntegra:

Brasília, 03 de março de 2023

Nós, servidores da ABIN, tomamos conhecimento da nomeação do novo diretor-adjunto da instituição e do encaminhamento do nome do novo diretor-geral ao Senado Federal. Como carreira de Estado, manifestamos nosso compromisso com a gestão da atividade de inteligência. Acreditamos no profissionalismo e na capacidade técnica dos servidores das carreiras de inteligência. Defendemos que a gestão liderada por profissionais especializados é mais eficiente e traz melhores resultados para a sociedade e para o Estado. Portanto, a designação de um diretor-adjunto, cuja função é gerenciar a produção de Inteligência de Estado, fora desses quadros gera receio entre os servidores do órgão.

Em nome da lealdade à nossa missão institucional, não podemos esquecer o recente histórico: as quatro ocasiões em que a ABIN foi dirigida por quadros estranhos à área da inteligência de Estado foram marcadas por crises ou desvios de atribuição. As demonstrações reiteradas do Poder Executivo de compromisso com o Estado de Direito e a segurança da sociedade brasileira nos trazem confiança de que os erros do passado não se repetirão.

A recente realocação da ABIN na Casa Civil da Presidência da República revela, ainda, o desejo de elevar a Inteligência a outro patamar no aparato do Estado. Felicitamos novamente o governo pela importante mudança. Esperamos que os novos gestores sejam portadores de mudanças positivas, permanecendo fiéis ao nosso pleito de que gestões futuras sejam lideradas exclusivamente por servidores da carreira de Inteligência. Colocamo-nos à disposição da nova direção, para, por meio de uma inteligência de Estado fortalecida, colaborarmos para a realização dos objetivos nacionais.

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