OPOSIÇÃO

ALMG: esquerda quer usar comissões para conter feminicídios e privatizações

Coalizão contrária a Zema conseguiu o controle de comissões responsáveis por temas ligados aos Direitos Humanos e às prerrogativas da classe trabalhadora

Guilherme Peixoto - Estado de Minas
postado em 02/03/2023 19:03 / atualizado em 02/03/2023 19:04
 (crédito: Guilherme Bergamini/ALMG)
(crédito: Guilherme Bergamini/ALMG)

Formada por 20 deputados estaduais, a coalizão de oposição ao governador Romeu Zema (Novo) conseguiu, nesta quinta-feira (2/3), ficar com as presidências de algumas das comissões da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Embora a base aliada a Zema tenha recebido o comando de comitês considerados estratégicos pelo poder Executivo, como os de Constituição e Justiça (CCJ) e Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO), a oposição vai liderar colegiados como os de Direitos Humanos, Trabalho, Previdência e Assistência Social, Cultura e Defesa dos Direitos da Mulher. Em pauta, vão estar assuntos ligados ao combate à violência contra cidadãs do estado e a situação das contas públicas.

As comissões cujas presidências foram entregues à oposição têm relação com bandeiras encampadas pelo grupo, formado por parlamentares de PT, PCdoB, PV, Psol e Rede. Os deputados do bloco antagônico a Zema costumam transitar da centro-esquerda à esquerda. Os trabalhos da Comissão de Direitos Humanos, por exemplo, serão liderados por Andréia de Jesus (PT). Na Comissão do Trabalho, foi eleito presidente o também petista Betão, enquanto Professor Cleiton (PV) foi escolhido para o comando da Comissão de Cultura.

Segundo Betão, a lista de prioridades da Comissão do Trabalho vai ter o combate às possíveis privatizações da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).

"Minas Gerais precisa que tenhamos um olhar atento aos direitos de trabalhadoras e trabalhadores, porque a gestão Zema é a continuidade dos retrocessos do governo Bolsonaro", disse.

Na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, a presidência ficou com Ana Paula Siqueira, da Rede. Ela protestou contra o aumento de casos de violência doméstica e familiar. Em 2022, conforme a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), foram registrados 170 casos de feminicídio. O número é 10% superior à estatística do ano anterior.

"Minas Gerais tem um governo que não tem propostas concretas para combater esse crime que é fruto de um machismo cultural e estrutural, mas que se agrava com a omissão do estado", protestou. "Vamos manter essa representatividade da diversidade das mineiras, das moradoras da periferia, indígenas, das zonas rurais, LGBTQIAP , negras e de todos os territórios. Faremos o debate do saneamento, da saúde, da cultura, da mineração, da empregabilidade, sempre com foco na perspectiva das mulheres", completou. A vice-presidente do grupo será Alê Portela, do PL.

Representatividade na Comissão de Direitos Humanos

Andréia de Jesus, por sua vez, enalteceu o fato de a Comissão de Direitos Humanos ser presidida por uma mulher negra. "Seguiremos os caminhos de Marielle Franco: defender os direitos humanos com o corpo que fala o tempo todo. Vamos enegrecer os debates", disse, a presidente, em menção à vereadora do Rio de Janeiro executada em 2018.

A vice-presidente do grupo será Bella Gonçalves (Psol), primeira deputada LGBTQIAP a ocupar assento na Assembleia Legislativa. Também hoje, a ALMG definiu os presidentes das comissões de Minas e Energia e de Defesa do Consumidor e do Contribuinte. Uma ficou com Gil Pereira (PSD); a outra, com Adriano Alvarenga (PP). Os dois são integrantes da base aliada de Romeu Zema.

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