O Comando do Exército cumpriu, na sexta-feira (24/2), a determinação da Controladoria-Geral da União (CGU) para que fosse divulgado o processo administrativo aberto contra o ex-ministro da Saúde e agora deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ). O documento, de 17 páginas, mostra arquivamento sumário de investigação sobre a participação do general em ato político ao lado do então presidente Jair Bolsonaro (PL) — à época, ele era oficial da ativa, o que é proibido pelos regulamentos militares.
Em sua defesa, Pazuello informou ter avisado por telefone ao então comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, de que participaria do evento com Bolsonaro no Rio de Janeiro.
Também afirmou que aceitou o convite do então chefe do Executivo devido aos "laços de respeito e camaradagem" entre os dois. Ele ainda disse ter sido "assediado" por apoiadores do então presidente, gerando, inclusive, um "empurra-empurra". E acrescentou ter sido surpreendido por Bolsonaro ao ser chamado para subir no carro de som e discursar.
O ato político ocorreu em maio de 2021, após Pazuello ter deixado o Ministério da Saúde. "Parabéns para a galera que está aí prestigiando o PR (presidente). PR é gente de bem", disse, na ocasião, ao lado do então chefe do Executivo.
No processo, consta que Paulo Sérgio Nogueira confirmou ter recebido a comunicação prévia. "Insta salientar, inicialmente, que o oficial-general em tela efetivamente comunicou a este comandante que se deslocaria à cidade do Rio de Janeiro, a fim de participar do passeio motociclístico, a convite do senhor presidente da República", escreveu. Apesar disso, o documento não informa se houve autorização ou não por parte de Nogueira. O procedimento administrativo acabou arquivado, com ordem de ficar sob sigilo por 100 anos.
Improviso
Para justificar o arquivamento, Nogueira alegou que a participação de Pazuello não teve "viés político-partidário" porque ele falou de "forma improvisada" e apenas "cumprimentou os presentes e enalteceu o passeio" realizado. Além disso, endossou o argumento com o fato de Bolsonaro não estar filiado a nenhum partido político na época.
Após listar no processo os argumentos e justificativas de Pazuello para a participação no ato, Nogueira concluiu: "Da análise acurada dos fatos, bem como das alegações do referido oficial-general, depreende-se, de forma peremptória, não haver viés político-partidiário nas palavras proferidas, repia-se, de improviso, pelo arrolado, naquele momento".
Na época do ocorrido, Bolsonaro participava de uma série de "motociatas". Apesar de ele ainda não estar em campanha eleitoral oficial, os atos não deixavam de ser interpretados como políticos.
Desde a campanha eleitoral, o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu derrubar os sigilos de 100 anos impostos na gestão de Bolsonaro. A CGU revisa 234 sigilos.
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