O terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destoa dos dois anteriores e está "ancorado" em fases, que vão da exposição de erros do antecessor, Jair Bolsonaro (PL), ao reposicionamento do Brasil diante do mundo.
De Bolsonaro, o petista herdou lacunas no Orçamento de 2023, como a falta de verba para o Auxílio Brasil de R$ 600, explorada com veemência já no governo de transição.
Aliados afirmam que Lula assumiu o governo "um dia após o segundo turno das eleições". O ex-chefe do Executivo não reconheceu o resultado das urnas e deixou o Brasil em 30 de dezembro, mantendo o silêncio sobre o pleito. Sobre ele recaem suspeitas de que mirava um golpe de Estado para se manter na presidência. Os acontecimentos foram pontos explorados por Lula, à exaustão, especialmente em janeiro, em decorrência dos ataques terroristas de 8 de janeiro.
Em paralelo, o chefe do Executivo fez viagens para contrastar sua imagem à de Bolsonaro, como a ida a São Paulo para verificar danos causados por chuvas que atingiram Araraquara.
Também em janeiro, o presidente foi a Roraima verificar a crise humanitária que vitimou os ianomâmis.
Já nos primeiros dias deste mês, ele iniciou uma agenda de entregas de áreas deixadas de lado na gestão anterior: saúde, habitação, educação e segurança alimentar.
O petista lançou ações para acelerar o atendimento a cirurgias eletivas, retomar o Minha Casa, Minha Vida e destinar verbas a pesquisas em universidades públicas. Anunciou que, em março, será lançado o novo Bolsa Família, com adicional de R$ 150 a famílias com crianças de até 6 anos.
Ao mesmo tempo, o governo conseguiu avançar nos diálogos sobre reforma tributária, em que está pendurada outra promessa de campanha, verbalizada, ontem, pelo presidente: aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para R$ 2.640 e novo valor do salário mínimo, de R$ 1.320.
Somam-se aos passos de Lula as críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por causa das altas taxas de juros.
Há, ainda, a construção de uma "agenda de futuro", como definem aliados mais próximos, de relações com nações mundiais. Lula fez três viagens presidenciais desde que assumiu, em 1º de janeiro. Foi à Argentina, ao Uruguai e aos Estados Unidos. A média supera a de uma por mês e deve ser impulsionada pela ida, em março, à China.
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