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Mercado

Lula diz não governar para o mercado e pede mais 'responsabilidade'

Presidente reitera a importância de que agentes econômicos tenham o olhar mais social, e diz que não é seu papel "ficar brigando com o presidente do BC"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a falar sobre a tensão entre ele e o mercado financeiro, especialmente após falas com críticas à alta dos juros no Brasil. Lula enfatizou não estar governando para o mercado e pediu mais responsabilidade e olhar social das instituições. As declarações foram dadas em entrevista à jornalista Daniela Lima, na CNN, nesta quinta-feira (16/2).

“Eu não estou governando para o mercado. Eu sei o que o mercado faz para ganhar dinheiro. Mas eu estou governando para o povo brasileiro. Estou governando para tentar recuperar o bem-estar social que o povo brasileiro alcançou no tempo em que eu fui presidente”, afirmou.

Ao ser questionado se os ruídos gerados por conta de seus posicionamentos não acabam “saindo caro” para o Brasil, Lula respondeu que o ruído é feito por quem quer fazer especulação. “Porque eu acho que as pessoas do mercado sérias sabem o que está acontecendo nesse país. Nós não podemos aceitar determinadas coisas que foram feitas nesse país. O Brasil tinha uma Petrobras que era autossuficiente em petróleo, e de repente, pensava ser exportador de derivados de petróleo, você está exportando óleo cru e comprando 25% de gasolina e 35% do óleo diesel. Para que isso?”, questionou.

Como exemplo, Lula citou a distribuição do lucro da estatal Petrobras entre os acionistas minoritários. “Qual é a lógica de você dar aos acionistas minoritários R$ 106 bilhões de dividendos quando você poderia pegar metade disso para investir em mais exploração de petróleo, em mais refinarias, para que o Brasil seja autossuficiente, não apenas na exploração e produção, mas também no refino do óleo diesel e da gasolina. Esse país é grande, precisa ser dono do seu nariz”, frisou.

Banco Central

Lula ainda afirmou que não cabe a ele ficar “brigando com o presidente do Banco Central”. “Eu até teria direito, porque ele não é indicado por mim, foi indicado por Bolsonaro, por Guedes, o que significa que a cabeça política dele é muito diferente da minha cabeça política, e da cabeça daqueles que votaram em mim. A única coisa que eu quero é que ele cumpra aquilo que está na lei que aprovou a independência do BC. Ele tem que cuidar da inflação, do crescimento, do emprego”, disse.

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