Genocídio
O chefe do Executivo ressaltou que o ex-presidente poderá responder no exterior pelos crimes de genocídio em relação aos milhares de mortos no Brasil pela pandemia da covid-19 e à crise enfrentada pelo povo ianomâmi.
"Bolsonaro já tem praticamente 12 processos no Brasil, e vai ter mais. Acho que ele, em algum momento, vai ser condenado em alguma corte internacional sobre a questão do genocídio devido à covid, porque metade das pessoas que morreram é por conta da irresponsabilidade do governo", citou.
"Ele também poderá ser punido pelo genocídio contra os índios ianomâmis. É uma coisa muito grave o que aconteceu lá, e ele incentivava os garimpeiros, incentivava a jogar mercúrio na água, poluir a água que as pessoas bebiam naquele mundo bem escondido do restante do país. Então, acho que ele, em algum momento, vai ser condenado", completou.
Segundo Lula, Bolsonaro fugiu do Brasil e se escondeu nos EUA no penúltimo dia de mandato, mas que "de qualquer forma, um dia vai ter que voltar e enfrentar todos os processos que estão movidos contra ele".
Sobre os atos terroristas, afirmou que a impressão que teve ante o cenário no dia 8 foi de que "todas as forças de segurança estavam comprometidas com o golpe". Comentou, também, sobre a troca realizada no Exército após a baderna. Ele disse ter escolhido "um comandante que seja legalista, que saiba cumprir o que era definido na Constituição para as Forças Armadas".
O presidente reforçou que as Forças Armadas "não podem se meter em política". "No Brasil, o papel dela é defender os interesses do povo brasileiro, defender a nossa soberania e defender o povo brasileiro contra possíveis ataques externos. Esse é o papel dela. Ela não pode se meter em política", acrescentou.
Ucrânia
A guerra no Leste Europeu também foi tema da entrevista. Lula afirmou que a invasão na Ucrânia foi um erro da Rússia e relatou ter negado o envio de munição para tanques das forças de Kiev, em resposta ao pedido feito recentemente pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, durante visita ao Brasil.
"Eu não quis mandar porque eu falei 'se eu mandar, eu entrei na guerra, e eu não quero entrar na guerra, quero acabar com a guerra'. Esse é o meu dilema e esse é o meu compromisso."
Lula foi questionado se a Ucrânia teria o direito de se defender da invasão. "Lógico que tem direito, até porque a invasão foi um equívoco da Rússia. O que quero é dizer o seguinte: o que tinha de ser feito de errado já foi feito, agora é preciso encontrar pessoas para ajudar a consertar", respondeu, em referência à diplomacia mundial.
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