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Fundo Amazônia: entenda tema abordado em reunião de Lula e Biden

Estados Unidos anunciam a intenção de colaborar com recursos para a preservação da floresta. O valor, porém, não é informado

Democracia

Lula também citou desafios em comum com os Estados Unidos, como defesa da democracia e combate à desigualdade. Em referência às eleições americanas, afirmou ser preciso garantir que "nunca mais" haja um novo capítulo do Capitólio, ocorrido em 2021.

"Agora, temos alguns problemas para trabalharmos juntos. Primeiro, nunca mais permitir que haja um novo capítulo do Capitólio e que nunca mais haja o que aconteceu no Brasil com a invasão do Congresso, do Planalto e do STF (Supremo Tribunal Federal)", destacou. "A segunda coisa que temos que trabalhar juntos é o combate à desigualdade. A questão racial que, de vez em quando, vejo ser praticada em todos os países, nos EUA, no Brasil. Sobretudo os jovens negros da periferia são vítimas muitas vezes da incapacidade do Estado, porque a violência que existe na periferia é a ausência do Estado com políticas públicas para garantir sonhos à juventude." O terceiro problema, segundo ele, é justamente a questão climática.

Entidades pedem ações bilaterais

Um dia antes do encontro entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Joe Biden, uma coalizão da sociedade civil brasileira pediu, em carta aos chefes de Estado, que ambos os países se comprometam com o desmatamento zero nos biomas brasileiros, especialmente a Amazônia.

O documento é assinado por 28 organizações indígenas, ambientais e do movimento negro e defende que, além do financiamento de ações por parte dos Estados Unidos, é importante incluir a sociedade civil e os povos originários na formulação de políticas.

"Esse primeiro encontro deve ser o primeiro passo para o trabalho conjunto de ambos (os países), a fim de impedir a degradação da Amazônia e demais biomas brasileiros. E evitar ainda maiores impactos negativos às pessoas que já sofrem com os efeitos das mudanças climáticas e do racismo ambiental", escrevem as entidades na carta, enviada a Lula, a Biden; à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; e ao enviado especial dos Estados Unidos para a questão climática, John Kerry.

Segundo assessores, Marina recebeu o documento, e Kerry se comprometeu a lê-lo antes da reunião entre os presidentes, ocorrida ontem à noite.

De acordo com a organização internacional Avaaz, que compilou o documento, os Estados Unidos são o segundo maior importador de carne bovina do Brasil, atrás apenas da China, e cerca de 1/6 do produto é importado dos estados da Amazônia.

A Avaaz argumenta que os EUA seriam impactados em caso de desmatamento total da floresta, levando à redução de 10% a 20% nas chuvas na região noroeste do país, segundo estudo publicado em 2013 por pesquisadores da Universidade de Princeton, de Miami e da Agência de Proteção Ambiental dos EUA.

"Muito do que a gente pode fazer para preservar os biomas é aqui em casa mesmo, com legislação, fiscalização. Mas a Amazônia, principalmente, está conectada na cadeia global de valores, com o sistema financeiro internacional, bancos que financiam atividades de desenvolvimento na região", explicou ao Correio o diretor de campanhas da Avaaz, Diego Casaes. "Os Estados Unidos são um player muito importante, talvez o mais importante, na organização do sistema internacional. Ter um apoio explícito do país na criação de políticas que não sejam prejudiciais ao meio ambiente é fundamental."

Outro ponto importante que permeia a carta é o combate ao racismo ambiental. "Os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e a população negra periférica são os mais vulneráveis à devastação do meio ambiente, às mudanças climáticas e aos desastres ambientais. Isso precisa estar na mesa como princípio inegociável para qualquer acordo entre Brasil e Estados Unidos", frisou Igor Travassos, integrante da Coligação Negra por Direitos. 

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