Em discurso ao lado do líder americano, Joe Biden, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) citou desafios em comum com os Estados Unidos e defendeu a democracia, o combate à desigualdade e pregou 'cuidado com a Amazônia' e parceria pela mudança climática.
"Nós agora temos alguns problemas para trabalharmos juntos. Primeiro, nunca mais permitir que haja um novo capítulo do Capitólio e que nunca mais haja o que aconteceu no Brasil com a invasão do Congresso, do Planalto e do STF. A segunda coisa que temos que trabalhar juntos é o combate à desigualdade. A questão racial que, de vez em quando, vejo ser praticada em todos os países, nos EUA, no Brasil. Sobretudo os jovens negros da periferia são vitimas muitas vezes da incapacidade do estado porque a violência que existe na periferia é a ausência do estado com politicas públicas para garantir sonhos à juventude".
"A terceira coisa é a questão climática. Nós temos um compromisso desde 2009 em Copenhagen, quando participei da COP 15 em que assumimos o compromisso de reduzir o desmatamento em 80% e diminuir a emissão de gases de efeito estufa em 39% e nós cumprimos isso", completou.
Em indireta ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula afirmou que “nos últimos anos, a Amazônia foi invadida pela irracionalidade política e humana”.
"Tivemos um presidente que mandava desmatar, mandava garimpo entrar em áreas indígenas, mandava garimpar nas florestas que demarcávamos como reserva na Amazônia”, citou.
O petista ressaltou ainda o objetivo de meta global de desmatamento zero na Amazônia até 2030 e que pretende transforma-la em "um centro de pesquisa compartilhada com o mundo inteiro".
"Eu assumi um compromisso que até 2030 vamos chegar a desmatamento zero na Amazônia. Vamos fazer um esforço muito grande para transformar a Amazônia não em um santuário da humanidade, mas num centro de pesquisa compartilhada com o mundo inteiro para que a gente possa tirar proveito da riqueza da biodiversidade da Amazônia, para ver se transformamos essa riqueza em melhoria da qualidade de vida do povo que mora na Amazônia", apontou.
"Cuidar da Amazônia hoje é cuidar do planeta terra. Cuidar do planeta terra é cuidar da nossa sobrevivência. E, por isso, todos nós temos a obrigação de deixar para nossos filhos e netos um mundo melhor do que nós recebemos dos nossos pais", pontuou.
"Uma árvore de 300 anos não tem proprietário. Ninguém pode derrubá-la. É um patrimônio da humanidade. Ela está lá para garantir a subsistência do planeta e por isso vamos levar muito a sério a questão do clima", emendou.
O petista defendeu ainda união entre o Brasil e os EUA para uma "governança global" para medidas em prol do meio ambiente.
"É preciso que a gente estabeleça uma nova conversa para construir uma governança mundial mais forte. Porque a questão climática, se não tiver uma governança global que tome decisões, que todos os países sejam obrigados a cumprir, se não tivermos, não vai dar certo".
"Não sei qual fórum, não sei se na ONU, no G20, no G8, mas alguma coisa a gente tem que fazer para obrigar os países, o nosso Congresso, empresários a acatar as decisão que tomamos a níveis globais. Se isso não acontecer, a nossa discussão sobre a questão climática ficará muito prejudicada. Acho que não temos muito tempo. Urgentemente precisamos tomar atitude. No Brasil, vamos fazer o que é possível fazer".
Por fim, emendou que "tanto os EUA e o resto do mundo podem contar com o Brasil na luta pela democracia e na luta pela preservação ambiental".
"Isso não é um programa de governo. É um compromisso de fé de alguém que acredita no humanismo, na fraternidade, na solidariedade. Eu não quero viver num mundo em que os humanos se transformarão em algoritmos. Eu quero viver num mundo em que os humanos sejam humanos. E, para isso, precisamos cuidar com muito carinho daquilo que Deus nos deu, que é o planeta terra", concluiu.
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