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Do Val apresenta várias versões de plano para impedir posse de Lula

Denúncia do senador Marcos do Val sobre plano — discutido na presença de Bolsonaro — para tentar anular eleição é mais um vestígio de que estava em curso uma trama para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Chamada de vídeo

Em todas as versões que deu, Do Val destacou que, primeiramente, foi chamado por Silveira para conversar na área externa do Congresso. Ao chegar lá, o então deputado estava em uma chamada de vídeo com Bolsonaro. Segundo o senador, o presidente perguntou se o parlamentar poderia "ir lá", ao Alvorada. O encontro foi marcado para o dia seguinte. "Antes de ir na sexta-feira, conversei com o ministro Alexandre de Moraes e perguntei se eu deveria ou não ir. O ministro disse: 'Vai, que informações são importantes'", relatou.

De acordo com o senador, "Daniel estava tentando achar uma forma de prender o ministro Alexandre de Moraes". Também segundo ele, o deputado tentou convencê-lo a participar do plano afirmando que haveria apoio do GSI com equipamentos eletrônicos.

"O presidente estava todo o tempo calado", contou. Ao fim, prosseguiu, Bolsonaro disse "a gente espera uma resposta". Do Val ressaltou que o convite partiu de Silveira, mas que o "presidente reforçou".

Do Val teria sido chamado para a trama devido à relação profissional que teve com Moraes quando o ministro integrava o governo de São Paulo, e o senador prestava serviços de consultoria no estado.

Após fazer a denúncia, Do Val chegou a anunciar a renúncia ao cargo de senador, mas, horas depois, voltou atrás. Disse ter recebido mensagens de colegas para não abrir mão do mandato. O Correio apurou que as ligações foram um alerta de que, se renunciasse, perderia o foro privilegiado e corria o risco de ser preso.

Depoimento

Depois das declarações do senador, Moraes autorizou a Polícia Federal a tomar o depoimento do parlamentar. O interrogatório durou 3h30, na sede da corporação.

Na saída, Do Val disse ter apresentado aos agentes todas as informações contidas no celular, incluindo ligações e mensagens de texto recebidas de Silveira.

"Dei acesso às conversas dentro do WhatsApp, porque, para mim, quanto mais transparente, melhor. Dali foi feito um detalhe do histórico, da aproximação, como é que o ex-deputado federal Daniel me contactou, que foi lá pelo Senado, qual foi a fala dele, se a fala dele realmente dava a entender alguma coisa no sentido de aplicar algum golpe de Estado", contou.

Na oitiva, o senador relatou que "foi um excesso" ter afirmado em live, na madrugada de ontem, ter sido coagido por Bolsonaro a participar de um golpe de Estado. Ele disse ter recebido enxurrada de mensagens de bolsonaristas que o chamavam de traidor. "Você chega a um nível de irritabilidade gigantesca. Foi um desabafo", alegou.

Do Val também reafirmou, na oitiva, ter recebido o aval de Moraes para ir à reunião com Silveira e Bolsonaro.

Sobre o silêncio do então presidente no encontro, disse não ver estranhamento. "Quando se está em reunião com um grupo de inteligência, é normal maneirar no que se fala, porque um acha que o outro está gravando", alegou.

A respeito da prisão de Silveira, frisou: "Daniel que estava provocando essa situação, acho que hoje ele está no lugar que deveria estar e não deve sair de lá".