Apesar do apoio que recebeu do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na campanha pela presidência do Senado, Rogério Marinho (PL-RN) não mencionou o ex-chefe do Executivo em seu discurso antes da votação na Casa. Uma tentativa de se descolar da extrema direita, em especial após os ataques golpistas em 8 de janeiro.
Após as eleições do ano passado — em que Luiz Inácio Lula da Silva conquistou o terceiro mandato de presidente da República —, parlamentares ligados a matérias legislativas radicais, que transitaram no Congresso nos últimos quatro anos, começaram a se descolar dos movimentos extremistas. Com falas voltadas ao eleitorado bolsonarista, o senador eleito pelo Rio Grande do Norte declarou continuidade às pautas semeadas pelo ex-chefe do Executivo, sem citar seu nome. Bolsonaro trabalhou pela candidatura de Marinho, chegando a ligar para senadores e pedir votos a favor do ex-ministro.
No plenário, Marinho reiterou a importância da liberdade de expressão, sinalizando ser a favor de que senadores possam ir à tribuna e usar seu tempo de fala sem filtros, em um entendimento de que parlamentares tenham o direito de fazer declarações descompromissadas com o combate às fake news. Sem mencionar nomes, fez críticas à atuação dita política de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Com essa postura, Marinho se apresenta para liderar o conservadorismo tóxico. Há outros nomes em busca desse posto, como Sergio Moro (União Brasil-PR); Hamilton Mourão (Republicanos-RJ); e, com menos força em relação aos colegas, Damares Alves (Republicanos-DF) — todos empossados ontem.
Com a recondução do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a bancada composta por PL, PP, Republicanos, Podemos, PSDB e por parte do União Brasil definha entre os colegas. Maior partido da Casa logo depois do pleito de 2022, o PL está atualmente na condição de segundo mais numeroso, com 13 integrantes. Perdeu o primeiro lugar para o PSD de Gilberto Kassab, que soma 15, após inflar a legenda nos últimos dias com a migração de Eliziane Gama, Mara Gabrilli, Zenaide Maia e Daniella Ribeiro. Com o total, a legenda acumula também a maior bancada feminina. Considerando o perfil de articulação de Pacheco, a formação aponta para o avanço de pautas progressistas ligadas à mulher.