O Comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, julgou os atos golpistas contra o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro, como uma atitude "infantil, besta e burra". A declaração foi dada em uma palestra no Comando Militar do Sudeste, em 18 de janeiro, dias antes de ser nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e reproduzida pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Conforme a reportagem, para o militar, uma tentativa de golpe no país resultaria em "sangue na rua". Na mesma palestra, ele negou a possibilidade de fraude das urnas eletrônicas e chamou os golpistas de "coisa infantil, besta, burra e irascível".
O general também foi crítico em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a relação dele com o Exército. Para ele, Bolsonaro tentou "instrumentalizar o Exército".
"É um cara (Jair Bolsonaro) que entrou numa espiral de fanatismo que não se sustenta. O que produziu? Ia derrubar o governo assim? O Supremo muda? Todo mundo se comunica e julga por sistema on-line. Se jogar uma bomba no palácio, ele vai despachar de outro. Que coisa infantil, besta, burra, irascível", declarou.
Paiva também criticou as mensagens que foram disparadas às Forças Armadas nas redes sociais após a vitória do presidente Lula no segundo turno. Na época, extremistas pediam que as Forças Armas tomassem "coragem" para evitar a posse de Lula.
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"Intervenção militar com Bolsonaro presidente. Impossível de fazer. Imagina se a gente tivesse embarcado em uma aventura. Vocês viram a repercussão mundial. A gente não sobreviveria como país. A moeda explodiria, a gente ia levar um bloqueio econômico jamais visto. Você ia ficar pária, e o povo ia sofrer as consequências. Ia ter sangue na rua (...) Coragem é o reverso. Coragem é se manter instituição de Estado, mesmo que custe alguma coisa de credibilidade e popularidade", afirmou o general.
Para ele, Lula devia ter ordenado o esvaziamento dos acampamentos bolsonaristas antes do dia 8 de janeiro. "De 1º de janeiro até o dia 8, quem era o governo? E qual a ordem recebida para retirar (os manifestantes)? Nenhuma. Não teve ordem. Porque a expectativa era que o movimento ia naturalmente dissolver".
"O general Arruda (Comandante do Exército na época) fez o certo. Eu faria a mesma coisa. Impediu que entrassem no acampamento para prender as pessoas à noite. Ia rolar sangue. Tudo o que ocorreu no dia 8 em Brasília está sendo apurado via inquérito. 'Ah general, tinha cara nosso'. Todo o mundo viu as imagens. O coronel (Adriano) Testoni, todo mundo viu imagem do general da reserva. Se ele fez coisa errada, vai ser responsabilizado e faz parte do processo de apuração normal", disse.
De acordo com o Estadão, Paiva pediu que a palestra não fosse gravada. "Eu me recuso a ter que pedir para o pessoal para deixar o celular fora, porque eu tenho plena confiança naqueles que são meus comandantes de unidade. Então eu peço que ninguém grave nada", afirmou, conforme o jornal.
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