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Brasil espera que EUA aumentem valor da contribuição ao Fundo Amazônia

Brasil espera que os Estados Unidos aumentem o valor da contribuição ao Fundo Amazônia, estimada em US$ 50 milhões

Victor Correia
postado em 28/02/2023 03:55
 (crédito: Cadu Gomes/AFP)
(crédito: Cadu Gomes/AFP)

O encontro de ontem entre o enviado especial do governo dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e a ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, frustrou a expectativa de que seria anunciado o valor de contribuição do valor prometido por Washington para o Fundo Amazônia. A reunião, no Itamaraty, foi mais uma preliminar na qual o Brasil expôs os projetos para investimentos e o formato de gestão e os EUA apresentaram as contrapartidas para a colaboração.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está considerando o aporte norte-americano no Fundo muito mais um aval da gestão de Joe Biden, que trará reflexos positivos para o Brasil no cenário internacional, do que propriamente um investimento vultoso nas iniciativas de preservação da Amazônia. Isso porque Kerry deu a entender a Alckmin e a Marina que dificilmente os EUA aumentarão a contribuição que pretendem fazer — de US$ 50 milhões (aproximadamente de R$ 260 milhões, pelo dólar de ontem). A expectativa do Palácio do Planalto era de que os norte-americanos investissem um valor próximo ao da Noruega, que aplica US$ 2 bilhões no Fundo.

Um dos reflexos positivos esperados pelo governo Lula é que outros países ou blocos econômicos confirmem a manifestação que fizeram — como foi o caso da França e da União Europeia — de investir no Fundo. "Foi uma reunião muito proveitosa. Abordou, claro, o tema principal, que é o combate à mudança climática. Abordamos desmatamento, descarbonização, transição energética e possibilidades de parceria em diversas áreas. Kerry não definiu valor, mas colocou que vai se empenhar junto ao governo, junto ao Congresso norte-americano e junto à iniciativa privada para termos recursos vultuosos. Não só no Fundo Amazônia, como também em outras cooperações", explicou Alckmin.

O vice-presidente destacou, também, a importância de se combater as mudanças climáticas. Exemplificou isso com a tragédia no litoral norte de São Paulo, em decorrência de um volume de chuvas anormal e muito acima daquilo que é esperado para esta época do ano.

"Os EUA tiveram, nesta madrugada, tornados violentíssimos, uma tragédia verdadeira. Nós tivemos também tragédia no litoral, com enchentes e chuvas torrenciais, e simultaneamente seca na Região Sul. A mudança climática leva a esses extremos", salientou.

O Fundo Amazônia ficou parado entre 2019 e 2022, após países suspenderem os repasses por contrariedade com a política ambiental conduzida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. A iniciativa foi reativada em janeiro deste ano por determinação de Lula.

Revanche

Marina, por sua vez, comentou que o desmatamento da Amazônia foi um dos principais assuntos debatidos na conversa com Kerry. Questionada sobre a prévia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que mostra um recorde no desmatamento na região em fevereiro, de 209km², antes do final do mês, a ministra rebateu que o novo governo encontrou uma "situação de terra arrasada".

"Nesse momento, estamos identificando que tem uma ação criminosa mesmo no período chuvoso, adiantando o desmatamento. E estamos nos preparando para fazer o enfrentamento. É uma espécie de revanche às ações que já estão sendo tomadas na ponta. E vamos seguir trabalhando, esse é o nosso objetivo. Não somos como o governo anterior. Os dados são transparentes", frisou.

A ministra defendeu, ainda, que, apesar das ações do governo, leva tempo para que o desmonte na área ambiental seja superado. "As coisas não são mágicas. Temos a clareza da complexidade do problema e estamos trabalhando para que venha a cair estruturalmente", salientou.

Do encontro com Kerry, participaram, além de Alckmin, Marina e das equipes técnicas dos dois países, o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloízio Mercadante, e a secretária-geral do Itamaraty, embaixadora Maria Laura da Rocha. Pelo lado do governo Biden, estava presente a embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Bagley. Kerry visita o Congresso, hoje, e deve se reunir com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e outros parlamentares.

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