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Durante viagem aos EUA, Lula parte para o ataque contra Bolsonaro

Chefe do Executivo diz que seu antecessor "não tem nenhuma chance de voltar à Presidência" e que se escondeu nos EUA

Ingrid Soares
postado em 11/02/2023 03:55
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) partiu para o ataque contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que ele "não tem nenhuma chance de voltar à Presidência". A declaração ocorreu durante entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN internacional, durante viagem aos Estados Unidos, horas antes de se reunir com o líder americano, Joe Biden.

"Bolsonaro não tem nenhuma chance de voltar à Presidência. Agora, vai depender da nossa capacidade de construir a narrativa correta do que ele representou para o Brasil. Porque essa extrema direita está no mundo inteiro", disse. "É uma extrema direita organizada, é uma atitude nazista, uma atitude negacionista, que nunca tínhamos visto."

Ele destacou que o intuito do encontro com Biden é selar um acordo entre as duas nações pelo fortalecimento da democracia. "O que queremos é que duas nações grandes, que são democráticas, possam ajudar a fortalecer a democracia em todo o continente latino-americano e no planeta Terra."

Lula citou o ataque extremista ao Capitólio, em 2021, nos EUA, e os atos golpistas na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro, em Brasília. O petista destacou, ainda, que Bolsonaro é uma cópia fiel do ex-presidente americano Donald Trump. Comparando a luta pela democracia e a polarização política nos EUA e no Brasil, afirmou que "a democracia vai prevalecer".

"Bolsonaro é uma cópia fiel, é uma cópia. É como se você colocasse numa máquina e tirasse uma fotocópia, é a mesma coisa. Não gosta de sindicato, não gosta de empresário, não gosta de trabalhadores, não gosta de mulheres, não gosta de negros, não gosta de conversar com empresários. Ou seja, é ele e as mentiras dele", disparou. "É ele e as fanfarras dele. Não gosta de falar com a imprensa. Nós mudamos isso. Acho que o Brasil, aos poucos, vai se encontrando e, aos poucos, a democracia vai prevalecer. Esse é meu compromisso."

Questionado sobre um possível pedido de extradição de Bolsonaro, o petista frisou que dependerá da Justiça brasileira e que não trataria do assunto com Biden, a menos que fosse instado pelo presidente dos EUA. "Sempre trabalho com a ideia de que todo mundo tem direito à presunção de inocência. Ele tem direito a se explicar para a sociedade e tem direito a ser julgado da forma mais democrática possível, do jeito que eu não fui", apontou.

Genocídio

O chefe do Executivo ressaltou que o ex-presidente poderá responder no exterior pelos crimes de genocídio em relação aos milhares de mortos no Brasil pela pandemia da covid-19 e à crise enfrentada pelo povo ianomâmi.

"Bolsonaro já tem praticamente 12 processos no Brasil, e vai ter mais. Acho que ele, em algum momento, vai ser condenado em alguma corte internacional sobre a questão do genocídio devido à covid, porque metade das pessoas que morreram é por conta da irresponsabilidade do governo", citou.

"Ele também poderá ser punido pelo genocídio contra os índios ianomâmis. É uma coisa muito grave o que aconteceu lá, e ele incentivava os garimpeiros, incentivava a jogar mercúrio na água, poluir a água que as pessoas bebiam naquele mundo bem escondido do restante do país. Então, acho que ele, em algum momento, vai ser condenado", completou.

Segundo Lula, Bolsonaro fugiu do Brasil e se escondeu nos EUA no penúltimo dia de mandato, mas que "de qualquer forma, um dia vai ter que voltar e enfrentar todos os processos que estão movidos contra ele".

Sobre os atos terroristas, afirmou que a impressão que teve ante o cenário no dia 8 foi de que "todas as forças de segurança estavam comprometidas com o golpe". Comentou, também, sobre a troca realizada no Exército após a baderna. Ele disse ter escolhido "um comandante que seja legalista, que saiba cumprir o que era definido na Constituição para as Forças Armadas".

O presidente reforçou que as Forças Armadas "não podem se meter em política". "No Brasil, o papel dela é defender os interesses do povo brasileiro, defender a nossa soberania e defender o povo brasileiro contra possíveis ataques externos. Esse é o papel dela. Ela não pode se meter em política", acrescentou.

Ucrânia

A guerra no Leste Europeu também foi tema da entrevista. Lula afirmou que a invasão na Ucrânia foi um erro da Rússia e relatou ter negado o envio de munição para tanques das forças de Kiev, em resposta ao pedido feito recentemente pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, durante visita ao Brasil.

"Eu não quis mandar porque eu falei 'se eu mandar, eu entrei na guerra, e eu não quero entrar na guerra, quero acabar com a guerra'. Esse é o meu dilema e esse é o meu compromisso."

Lula foi questionado se a Ucrânia teria o direito de se defender da invasão. "Lógico que tem direito, até porque a invasão foi um equívoco da Rússia. O que quero é dizer o seguinte: o que tinha de ser feito de errado já foi feito, agora é preciso encontrar pessoas para ajudar a consertar", respondeu, em referência à diplomacia mundial.

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