Portugal

Segurança de ministros do STF em Portugal tem até snipers

Foram destacados batedores para acompanhar os carros de autoridades presentes, policiais fardados, à paisana nas redondezas do Hotel Four Season Ritz e até atiradores de elite

Denise Rothenburg - Enviada especial
 Vicente Nunes - Correspondente
postado em 03/02/2023 12:11
 (crédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE)
(crédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE)

Lisboa, Portugal —O governo de Portugal montou uma superoperação para garantir a segurança dos participantes do evento promovido pelo Lide, do ex-governador de São Paulo João Doria. Pelo menos 100 homens da Polícia de Segurança Pública (PSP), da Guarda Nacional Republicana (GNR) e da Polícia Judiciária foram destacados para evitar a violência que se viu em Nova York, em novembro passado. Nos Estados Unidos, quando cinco ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram hostilizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A violência atingiu, principalmente, os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que chegou a perder a paciência e soltar um “perdeu, mané”, que viralizou nas redes sociais.

As negociações com as autoridades de segurança do governo português duraram pelo menos um mês. Foram destacados batedores para acompanhar os carros de autoridades presentes — Michel Temer (ex-presidente da República), Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski (ministros do Supremo), Humberto Martins (ministro do Superior Tribunal da Justiça) e Bruno Dantas (presidente do Tribunal de Contas da União) __, policiais fardados, à paisana nas redondezas do Hotel Four Season Ritz e até atiradores de elite (snipers). Também foram acionados agentes do Serviço de Estrangeiros e Fronteira (SEF).

O esquema de segurança foi extensivo a todos os participantes do evento, entre eles, grandes empresários, como Luiza Trajano (do Magazine Luiza) e Abílio Diniz (acionista do Carrefour), e banqueiros, como o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febrabran), Isaac Sidney. Em todos os deslocamentos por Portugal — há eventos no entorno de Lisboa —, há acompanhamento policial. As autoridades portuguesas estão empenhadas em não deixar qualquer espaço para que atos de violência aconteçam.

Tanta segurança se justificou diante dos transtornos em Nova York. Lá, no feriado de 15 de novembro, a frente do hotel Sofitel, próximo à Broadway, foi tomada por manifestantes logo na primeira noite. Os cinquenta passos que separavam a porta do hotel do local da Conferência viraram um calvário para as autoridades. A polícia de Nova York precisou ser acionada para colocar grades e garantir a segurança, especialmente, dos ministros do STF. O blogueiro Alan dos Santos, que já teve a prisão decretada há meses, chegou a furar o esquema de segurança e ficar calmamente sentado no saguão à espera do ministro Alexandre de Moraes. Avisada, a equipe de João Doria conseguiu evitar que Moraes ou outro ministro terminasse confrontado pelo bolsonarista dentro do hotel.

Desta vez, em Lisboa, tanta segurança fez com que tudo transcorresse na maior tranquilidade no primeiro dia de debates, cujo tema dominante foi a tentativa de golpe orquestrada pelo ex-deputado Daniel Silveira, que está preso, e revelada pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), com possível participação do ex-presidente Bolsonaro. No evento, Alexandre de Moraes, que falou virtualmente, classificou a operação como “tabajara”, ou seja, conduzida por aloprados. O plano amalucado previa gravar o ministro do Supremo, usar suas declarações para prendê-lo, impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e manter Bolsonaro no poder.

Denise viajou a convite da Lide Brazil Conference

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