Apesar das sinalizações de que cumpriria apenas um mandato feitas ao longo da campanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, ontem, que pode concorrer à reeleição em 2026. Lula disse que sua decisão vai depender do contexto político do país daqui a quatro anos e de suas condições de saúde.
O petista ressaltou, porém, que esse não é o cenário que imagina neste momento. "Se eu puder afirmar agora, digo, não serei candidato em 2026. Agora, se chegar em um momento que tiver situação delicada e eu estiver com saúde… Só posso ser candidato com saúde perfeita, com 81 de idade, energia de 40 e tesão de 30", disse, em entrevista à RedeTV!.
A afirmação de Lula vem em um momento de derrotas para a extrema direita — a mais recente foi a disputa pela Presidência do Senado, vencida por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), quer contou com o apoio explícito do Palácio do Planalto —, que tem se mostrado uma força política resiliente, apesar do desgaste com o terrorismo de 8 de janeiro. Mais uma vez o presidente se coloca como um candidato com possibilidades de vencer um representante do radicalismo, sobretudo se este for Jair Bolsonaro.
Mas Lula tem alguns obstáculos caso pretenda mesmo disputar um quarto mandato. Dentro do governo há pelo menos três pré-candidatos em condições de levar o legado de uma eventual gestão bem-sucedida: o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
Na extrema direita, alguns pré-candidatos despontam e podem fazer sombra a Bolsonaro. Como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que o PL ventila como uma opção caso o ex-presidente seja de alguma forma impedido de tentar a volta ao Planalto. Outro que é considerado um nome em potencial para a disputa pela Presidência é o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas — que paulatinamente se afasta do bolsonarismo e tenta se firmar como um nome da direita compromissada com a democracia.
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Polarização
Um mês após a posse do petista, Lula e Bolsonaro mantêm ativa a troca de hostilidades e provocações que marcou a polarizada campanha presidencial de 2022. Na entrevista de ontem, o petista também disse "ter certeza" que o ex-presidente participou "ativamente" dos atos golpistas de 8 de janeiro.
"Eu tenho certeza que Bolsonaro participou ativamente disso e ainda está tentando participar. Este cidadão preparou o golpe. Hoje, eu tenho consciência e vou dizer aqui em alto e bom som", acusou.
Para Lula, Bolsonaro "é quase como um psicopata". "Ele não pensa, não raciocina. Ele vomita as coisas", disse o presidente, para quem o rival político deve ser julgado por genocídio. "Ele deve ser julgado em algum momento por genocídio, não apenas no caso dos ianomâmi, mas no caso da covid-19", previu.
No início da semana, ao participar de um evento em Orlando, nos Estados Unidos, Bolsonaro afirmou que o governo Lula "não vai durar muito". O encontro do grupo de direita Yes Brazil USA, foi o primeiro ato do ex-presidente desde que deixou o Palácio do Planalto.
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