ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

Valdemar Costa Neto diz em depoimento que "moeu" minutas golpistas que recebeu

Presidente do PL foi intimado a depor após dizer que "todo mundo" tinha propostas de golpe de Estado em casa. Ele também negou qualquer relação com o ex-ministro Anderson Torres

Luana Patriolino
postado em 02/02/2023 19:24 / atualizado em 02/02/2023 19:28
 (crédito: EVARISTO SA / AFP)
(crédito: EVARISTO SA / AFP)

Em depoimento à Polícia Federal, na tarde desta quinta-feira (2/2), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse que não possui relação com o ex-ministro Anderson Torres e que a declaração sobre a minuta golpista ter “na casa de todo mundo” foi apenas uma “força de expressão”. O político afirmou que recebeu no aeroporto um documento de uma mulher que se apresentou como advogada e que “moeu” as páginas assim que chegou em casa.

Costa Neto disse que não falou isso para defender ninguém e que foi apenas “forma genérica" e que quando recebeu documentos com esse teor “simplesmente moía". O presidente do PL também negou, em depoimento, qualquer relação com Torres. Ele falou que nos 4 anos de governo Bolsonaro foi apenas uma vez no Ministério da Justiça e que o ex-ministro não participava de reuniões políticas.

“QUE recebeu duas ou três propostas dessa, QUE o que quis dizer quando foi perguntado pela jornalista sobre essas minutas, falou que foi uma metáfora. QUE recebeu essas minutas sem identificação, que até recebeu uma minuta de uma advogada no aeroporto. QUE não abria imediatamente esses documentos que recebia, que só abriu quando chegou em casa e viu que se tratava de uma proposta para acionar o artigo 142 e já jogou fora o documento”, diz trecho do depoimento.

Perguntado sobre ter colocado em xeque o processo eleitoral brasileiro, Costa Neto se esquivou. Ele disse que realmente contratou empresas para fiscalizar as urnas eletrônicas, mas que, mesmo assim, “não duvidava das eleições”.

Valdemar Costa Neto foi denunciado por suspeita de crimes contra o Estado democrático de Direito. À Procuradoria-Geral da República (PGR) e à Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE), o Grupo de Prerrogativas encaminhou uma ação pedindo a inclusão da entrevista em que o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro afirma existirem propostas de decretos golpistas "na casa de todo o mundo" para contestar o resultado das eleições de 2022.

Atos terroristas

O coletivo também pede que Costa Neto seja incluído nos inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) que apuram os atos antidemocráticos. A minuta golpista foi encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres que, no dia dos ataques de 8 de janeiro, estava à frente da segurança pública do Distrito Federal.

Questionado sobre o episódio, o presidente PL disse que não se encontrou com nenhum dos envolvidos nos atos terroristas. Ele ainda atribuiu toda a responsabilidade à segurança pública da capital. “[Disse] QUE as pessoas radicais não possuem relação com o PL; QUE todos os eventos de 8 de janeiro aconteceram por culpa da falta de segurança na Praça dos Três Poderes naquele dia; QUE a praça estava sempre fechada, mas na sexta-feira anterior, tudo foi aberto; QUE se tivesse a guarda nacional, nada teria acontecido”, diz trecho do depoimento.

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