COMUNICAÇÃO PÚBLICA

Futuro presidente da EBC defende que impeachment de Dilma seja tratado como "golpe"

Jornalista Hélio Doyle foi anunciado pelo governo federal para a presidência da EBC, rede de comunicação pública

Jéssica Andrade
postado em 01/02/2023 12:20 / atualizado em 01/02/2023 12:21
 (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

Indicado para a presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o jornalista Hélio Doyle, de 72 anos, defende que o impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016 seja tratado como "golpe" pela rede de comunicação pública. "Se depender de mim, vai continuar falando que foi golpe. Gostem ou não gostem. Agora, a linha editorial da empresa, a gente tem que discutir melhor. Estou falando de caráter pessoal. Nós teremos que discutir melhor com a diretoria. Para mim, foi golpe", diz Doyle, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

"Hoje, está provado que as pedaladas (fiscais) não existiram. Elas foram um pretexto para afastar uma presidente que estava desagradando o Congresso. Então é uma questão de concepção. Se depender de mim, vai continuar falando que foi golpe”, avaliou.

Em janeiro, ao anunciar a nova gestão da EBC, o site do governo disse que "o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, indicou Rita Freire, presidente do Conselho Curador da EBC cassado após o 'golpe' de 2016" para um cargo de gerência na empresa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, correligionário de Dilma, reafirma o termo com frequência. Durante viagem à Argentina em janeiro, por exemplo, ele voltou a repetir que o impeachment foi um "golpe de Estado".

O termo tem sido criticado por políticos e partidos que apoiaram o afastamento de Dilma. O PSDB chegou a ingressar com uma ação na Justiça Federal para que as páginas do governo federal retirassem do ar textos que utilizam a expressão “golpe” ao se referir ao impeachment da ex-presidente petista.

Michel Temer, que assumiu a Presidência da República após o afastamento de Dilma, também rebateu o uso do termo e disse que o impeachment da petista foi resultado da aplicação da "pena prevista para quem infringe a Constituição".

Anteriormente, Temer havia avaliado a ex-presidente como "honestíssima" e que seu processo de impeachment foi decorrente de problemas políticos como a "dificuldade da petista de se relacionar com o Congresso Nacional e com a sociedade". Ele ainda citou as pedaladas fiscais e classificou a questão como "uma coisa extremamente técnica".


Nova Direção

Em 26 de janeiro, o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, anunciou alguns nomes da nova diretoria da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), por meio das redes sociais. No comunicado, o ministro afirmou que convidou Hélio Doyle para a presidência da estatal, porém, ainda está nomeado como assessor da empresa.

Em entrevista à Folha, o jornalista afirmou que não tem planos para a rede, mas que o objetivo é reconstruir a empresa. "A gente quer recuperar a EBC, porque ela foi desmantelada e perdeu diversas de suas características essenciais — como a de ser um canal de serviço público. Tentaram levar a EBC para um lado de máquina de propaganda governamental. Queremos recuperar esse sentido de comunicação pública", disse na entrevista.

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