O fato de a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) ter sido vetada de entrar no Quartel-General do Exército, em 8 de janeiro — horas após os atos golpistas, na Praça dos Três Poderes —, foi endossado presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, Lula defendia, inicialmente, uma ação imediata contra os extremistas alojados no acampamento. Além dele, essa opinião era apoiada pelos ministros como Rui Costa, da Casa Civil; Flávio Dino, da Justiça; e pelo interventor na Segurança do DF, Ricardo Capelli.
A história começou a desenrolar de forma diferente, quando a ideia de por policiais militares no QG do Exército, naquela noite de 8 de janeiro, para desmobilizar o acampamento bolsonarista foi confrontada pelo general Gustavo Henrique Dutra, comandante militar do Planalto. Na noite daquele domingo, ele e Capelli se reuniram na Catedral Militar Rainha da Paz, em Brasília, para discutir como os extremistas sairiam do espaço militar.
Dutra argumentava que a desmobilização do acampamento tinha de ser feita pela PM e pela Polícia do Exército, mas no dia seguinte, uma segunda-feira. Na avaliação dele, a hipótese de policiais entrarem no acampamento àquela noite poderia resultar em uma tragédia, já que havia bolsonaristas armados no local.
Diante dessa divergência, a PMDF — que havia recebido ordens para prender os extremistas ainda no domingo — foi barrada na entrada do QG, pelo Exército, que colocou tanques para bloquear a entrada dos agentes militares.
Negociação
Diante do impasse, segundo o jornal, Cappelli contatou o ministro Flávio Dino, em busca de apoio para prender os golpistas. Já Dutra telefonou para o general Gonçalves Dias, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para argumentar que a melhor decisão seria realizar o desmonte na manhã do dia seguinte.
Dias, então, entregou o telefone para Lula, que estava ao seu lado. Ele conversou rapidamente com Dutra, que relatou que uma operação noturna de retirada dos golpistas poderia resultar em confusão. Essa posição, inclusive, também era endossada pelo ministro da Defesa, José Múcio.
Lula concordou que, se houvesse risco de uma tragédia, seria melhor realizar a operação no dia seguinte. O presidente, porém, disse que os golpistas eram criminosos e que as prisões deveriam ser feitas.
Assim, na manhã de 9 de janeiro, a Polícia Militar do DF e a Polícia do Exército realizaram a operação para o desmonte do acampamento e efetuaram a prisão de cerca de 1.200 bolsonaristas, que foram conduzidos em dezenas de ônibus para triagem na Academia Nacional da Polícia Federal.
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