O senhor está trabalhando com afinco pela recondução de Pacheco. Por quê?
Estou ajudando, e o MDB está dedicado. Ele é franco favorito, e isso é bom. Espero que esse Senado mais pacificado tenha na reeleição do Rodrigo um momento para avançar.
Essa pacificação é o que está pautando a eleição da Casa neste ano?
Acho que precisamos ter uma pauta do Legislativo que não conflite com a do Executivo, mas uma pauta em que o Legislativo também tenha rumos com relação ao aprimoramento institucional e às prioridades da economia, como a reforma tributária.
O senhor falou semana passada em 50 votos ao presidente Pacheco. Mantém esse número?
A expectativa é de que o Rodrigo tenha 55 votos, um pouco mais ou um pouco menos. Acredito que terá em torno de 5 votos do PL, 3 ou 2 do PP, de maneira com os demais que ele já tem chegar facilmente a 55 votos. Pode ser 57, 53. Estava havendo um probleminha no PSD, mas acho que já foi resolvido. Sempre tem gente querendo cavar espaço. O MDB está apoiando porque tem muito a questão democrática e institucional envolvida nesta eleição. Nós temos o vice-presidente, e seria muito importante se ele se mantivesse. Há postulação de outros partidos, mas é natural.
O senhor vem inclusive defendendo o chamado princípio da recondução natural... O que seria?
É um princípio mais amplo o da recondução natural. A reeleição é mais ampla que uma eleição. O (Davi) Alcolumbre, por exemplo, está dentro do princípio da reeleição. Não estamos postulando nada. Queremos agregar. A reeleição do Rodrigo não é a eleição do Rodrigo puramente. É a eleição majoritariamente das pessoas que ocupam cargos da correlação de forças que estava governando na prática.
Mas na Câmara não funciona assim...
Nós tivemos uma distorção muito grande da representação parlamentar com o Orçamento Secreto. Então, o que estamos vendo nas Casas são resquícios do que aconteceu com relação à transformação do orçamento que deveria ser público em privado. Nós ainda vamos experimentar esse dissabor um período pela frente.
Ou seja: o senhor defende que a composição anterior do Senado é importante... Por quê?
Acho que o Marinho está muito ligado ao que há de pior do governo (Jair) Bolsonaro, em que pese o respeito que eu tenho por todos os senadores eleitos, mas acredito que a candidatura dele é uma candidatura errada no momento errado.
Por quê?
Pela proximidade com o governo anterior, marcado sobretudo por mentiras, por ódio, pelo negacionismo, pelo genocídio, pela tentativa de golpe recentemente.
O senhor acredita que a base do presidente Lula precisa tentar "enterrar" o governo Bolsonaro?
Acho que o Bolsonaro precisa ser investigado. Essas investigações precisam ter continuação. Defendo a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para que, a exemplo do que Judiciário e Executivo vêm fazendo, o Legislativo faça sua parte.
Mas o presidente Lula e nomes do governo já declararam não ser um bom momento para CPI...
Eu vou conversar com todo mundo, inclusive com o presidente Lula. Porém, acho que a melhor maneira de garantir uma audiência para esse golpe que não pode voltar a acontecer é por meio de uma CPI.
Há por parte de Marinho também a vontade de instalar uma CPI para o 8 de janeiro. Esse confronto de vontades acabaria como no ano passado, com a CPI do MEC, que não foi para frente?
Ano passado era uma circunstância nova, porque todos estávamos em período eleitoral. Não é comum fazer uma CPI no período eleitoral. Mas nada grave pode ficar sem investigação.
O senhor se encontrou semana passada com Pacheco, Alcolumbre, Eduardo Braga. Encontrou-se nesta segunda-feira novamente à tarde e à noite. O que precisa ser azeitado com os mesmos senadores?
É natural que nestes momentos a gente converse mais. Estávamos todos desmobilizados, nos estados. Voltamos a Brasília. Então, é importante conversar para mantermos uma direção.