Competência
Para o ex-secretário de segurança pública do DF e sociólogo Arthur Trindade, a regularização da Força Nacional é uma ação bem-vinda e necessária para o país, já que a instituição funciona apenas por decretos e portarias e paga os membros, cedidos pelos estados, por meio do Fundo Nacional de Segurança Pública em forma de diárias — nas palavras dele, uma organização importante, mas "frágil e cara".
Na avaliação dele, porém, a destinação da Guarda Nacional não é necessária, porque a PMDF tem histórico de efetiva proteção dos Três Poderes. "Não me parece razoável destinar essa nova polícia para guardar a Esplanada. A PMDF tem duas grandes atribuições: uma é cuidar das cidades, policiamento ostensivo; e a outra é guardar os ministérios e outros espaços dos Três Poderes", defendeu.
Segundo Trindade, "a corporação tem sempre uma tropa fixa preparada para isso". "Não deu certo no dia 8 de janeiro porque houve negligência e omissão, mas a polícia tem uma tropa muito competente", acrescentou.
Governador do DF entre 2015 e 2019, Rodrigo Rollemberg também defendeu que a proteção proposta por Dino já é cumprida, com excelência, pela Polícia Militar. "Entendo, como ex-governador, que a PMDF tem condições de garantir a segurança dos prédios públicos e das sedes dos Poderes da República, como sempre fez ao longo da história", pontuou. "Tenho condições de dizer que a PMDF, bem comandada, tem condições de manter a ordem na área central de Brasília."
Avaliação
O especialista em segurança pública Leonardo Sant'Anna também avaliou como positiva a atuação da PMDF em defender os Três Poderes e sugeriu uma reflexão ao governo federal sobre a real necessidade de uma nova polícia. "É preciso avaliar se realmente é necessário a criação da Guarda, dado ao histórico da PMDF, que não é arranhado. Historicamente, a polícia da capital já possui um batalhão diplomático e outras divisões que cumprem o objetivo", opinou.
A solução, então, seria investir nas forças de segurança. "Se é preciso desse reforço, porque não trazer mais profissionais para uma instituição já existente, uma vez que o próprio Ricardo Cappelli (interventor federal) fez visitas às sedes da corporação e constatou que existe bastante capacidade nas polícias do DF?", destacou.
As propostas foram redigidas pela equipe técnica do ministério e entregues por Dino, ontem, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião fechada no Palácio do Planalto. Os textos serão apreciados pelo chefe do Executivo, e o governo pretende enviá-los ao Congresso já em fevereiro, após o retorno das atividades legislativas.