Ex-número 2
A Polícia Federal também cumpriu mandado de busca e apreensão no gabinete que Fernando Oliveira ocupava na Secretaria de Segurança Pública.
Em depoimento à PF, na quarta-feira, Oliveira acusou a Polícia Militar do DF de erro na execução do plano operacional para as manifestações antidemocráticas. Ele também entregou espontaneamente o celular para os agentes.
Segundo destacou na oitiva, era responsabilidade da corporação todo o planejamento quantitativo de efetivo, equipamentos, viaturas e tropas especializadas a serem usadas. Também frisou não ter tomado conhecimento das estratégias da corporação.
O ex-número 2 do órgão esteve à frente das ações em 8 de janeiro porque o então titular, Anderson Torres, tinha viajado dias antes para os Estados Unidos, em férias. Torres está preso desde que voltou ao Brasil, no sábado passado.
No primeiro depoimento à Polícia Federal, na quarta-feira, o ex-secretário de Segurança ficou em silêncio. Nova oitiva dele foi marcada para a segunda-feira, às 10h30.
Em busca de "novas provas"
As diligências cumpridas, ontem, pela Polícia Federal — em endereços do governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e do ex-secretário-executivo de Segurança Pública do Distrito Federal Fernando de Sousa Oliveira — foram requeridas pelo coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, a ofensiva teve como objetivo "buscar provas" para abastecer a investigação sobre supostos atos "omissivos e comissivos" de autoridades do Distrito Federal ante os atos violentos do dia 8, quando bolsonaristas radicais invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
"O objetivo é buscar provas para instruir o inquérito instaurado para apurar condutas de autoridades públicas que teriam se omitido na obrigação de impedir os atos violentos registrados em 8 de janeiro em Brasília", afirmou o texto publicado no site o Ministério Público Federal (MPF).
Ao requerer a abertura do inquérito — que atinge, além de Ibaneis e Oliveira, o ex-secretário da Segurança do DF Anderson Torres e o ex-comandante-geral da Polícia Militar do DF Fábio Augusto Vieira —, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, apontou "indícios graves do possível envolvimento do governador do Distrito Federal e de seus secretários (titular e interino), bem assim do comandante-geral da Polícia Militar, em verdadeiro atentado ao Estado Democrático de Direito".
Responsabilidade
Em entrevista ao Jornal Nacional, ontem, o subprocurador Carlos Frederico reiterou a busca por novas provas "para que possamos fazer um juízo seguro da responsabilidade de cada um". "O tratamento do material que foi apreendido hoje (ontem) será analisado, e o resultado dessa análise vem para o Ministério Público", enfatizou. "Estamos trabalhando exatamente na investigação dessa circunstância, se houve omissão imprópria ou não dessas autoridades que estão, atualmente, uma afastada, outras, presas", acrescentou.
Ouvido pela PF, Ibaneis negou qualquer conivência com os atos golpistas e acusou "sabotagem" do plano de ação das forças de segurança para barrar a marcha golpista. Oliveira, por sua vez, disse que a PM "errou" na execução do plano operacional. Já Vieira afirmou que o Exército impediu a entrada de tropas da PM para prender radicais acampados em frente ao Quartel-General da corporação, em Brasília.