Jornal Correio Braziliense

democracia sob ataque

Após acusação de 'vista grossa', ministros disparam críticas contra Zema

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chamou de "infeliz e irresponsável" a acusação de Zema

Belo Horizonte — Ministros de Lula dispararam críticas ao governador Romeu Zema (Novo) por ter acusado o Executivo federal de ter feito “vista grossa” para os atos terroristas do último dia 8 com o objetivo de sair como vítima.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chamou de “infeliz e irresponsável” a acusação de Zema. “Há muito não se ouvia algo tão estarrecedor e absurdo. Sua declaração deve ser repudiada”, disse o ex-senador mineiro. “Essa postura em nada colabora para a apuração dos fatos criminosos nem para a pacificação que se espera do país”, acrescentou.

Quem também criticou Zema foi o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta. “Não contribui o governador de um estado importante como Minas Gerais fazer insinuações sem base, tentando culpar a vítima, como teoria da conspiração que levou muitos golpistas a ventilar fake news sobre ‘infiltrados’ e coisas desse tipo”, destacou.



O deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSol-SP) também criticou Zema. “Era só o que faltava. É lamentável ver esse bolsonarista irresponsável governando um estado tão importante como Minas Gerais”, reprovou.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, Zema disse considerar que qualquer declaração feita antes da conclusão das investigações é “achismo”, mas que pode “supor” que houve omissão dos órgãos de segurança da gestão Lula. “Parece-me que houve um erro da direita radical, que é minoria. Houve um erro também, talvez até proposital, do governo federal, que fez vista grossa para que o pior acontecesse e ele se fizesse, posteriormente, de vítima. É uma suposição, mas as investigações vão apontar se foi isso”, frisou.

“Tudo é uma suposição, qualquer conclusão agora é prematura, mas o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que está subordinado ao Ministério da Justiça, foi comunicado previamente da situação e não se mobilizou, não fez nenhum plano de contingência”, continuou Zema.

Ao afirmar que a direita radical “foi minoria” nos ataques às sedes dos Três Poderes, o governador endossa um discurso que cresce nas redes sociais, de que os atos teriam “infiltrados”, responsáveis pela depredação.