O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, foi o convidado do Podcast do Correio, desta segunda-feira (16/1). A entrevista foi dada para os jornalistas Denise Rothenburg e Vinicius Doria. O entrevistado comentou sobre os atos terroristas que destruíram as praças dos Três Poderes e sobre o papel do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso.
"Bolsonaro é um fascista responsável direto por essa tentativa de golpe. Ele instigou durante 4 anos a população com ódio e violência especialmente contra o Supremo Tribunal Federal. Não tenho nenhuma dúvida que ele tem que ser responsabilizado", afirmou Kakay.
Kakay afirma acreditar que Bolsonaro tem que ser punido pelo que disse e pela sua influência em incitar o golpe, mas que "nós temos que dar a ele aquilo que eles não dariam a nós", se referindo ao um amplo direito de defesa e liberdade plena de ter acesso ao processos. "Agora não tenha dúvida, eu tenho a informação de que há um trabalho de investigação muito sério em cima daqueles que são responsáveis (se referindo aos ataques em Brasília) até chegar naquele que pra mim é o responsável maior, que é o ex-presidente da república", afirmou.
"Eu, pra ser sincero, acho que o responsável direto tem que ser responsabilizado, porque o Brasil não pode cometer o erro que fez na redemocratização, quando nós não punimos os terroristas e não punimos os assassinos. Se nós tivéssemos punido, Bolsonaro não seria presidente da república. Bolsonaro quando votou em plenário pela cassação da Dilma, ele evocou o torturador da Dilma, que disse ser 'o brilhante Ustra', ele tinha que ter saído preso dali, ou pelo menos ter tido um processo para cassá-lo. Então eu sou favorável, sem a menor sombra de dúvida, tem que fazer a responsabilização criminal. O país só será pacificado se tiver essa responsabilização", defendeu Kakay sobre o governo buscar terroristas responsáveis pela destruição do dia 08 de janeiro.
O advogado ainda explicou o motivo de achar que "terrorismo" é a expressão certa para caracterizar os atos de vandalismo na Esplanada dos Ministérios. "A expressão terrorista é adequada para o que ocorreu, não é o terrorismo da lei de 2016, da lei do terrorismo, que não pode ser aplicada. Tem que a lei do Estado de Direito de Defesa, mas a expressão terrorista é aceita na ONU para atos exatamente dessa forma", comenta.
"Nós vivemos nos últimos anos uma série de tentativas de golpe, inclusive uma subleitura criminosa do artigo 142 da Constituição, onde Bolsonaro tentava dizer que as Forças Armadas seriam uma espécie de tutores da nação, como se fosse possível um golpe constitucional. Não existe golpe constitucional, o golpe é contra a constituição." continuou Kakay sobre o ex-presidente de extrema-direita.
*Estagiária sob a supervisão de Ronayre Nunes
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