Jornal Correio Braziliense

ATOS GOLPISTAS

Deputados do PL e PP são impedidos de visitar detidos em ginásio da PF

Enquanto vídeo era transmitido por parlamentares, militante questionou "cadê bolsonaro"

Deputados aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estiveram na Academia Nacional da Polícia Federal, em Brasília, na tarde desta terça-feira (11/1), para verificar as instalações e as condições em que os suspeitos dos atos golpistas estão sendo mantidos. Porém, foram impedidos de entrar no local.

Os deputados Bia Kicis (PL-DF) e Coronel Chrisóstomo (PL-AM) gravaram uma live em frente à academia, para onde foram levados cerca de 1.500 acusados de participação nos ataques às sedes dos três Poderes, e deram o ponto de vista deles sobre a situação.

Além de Kicis e Chrisóstomo, estavam no grupo os deputados Evair de Melo (PP-ES), Domingos Sávio (PL-MG) e Marcelo Álvaro (PL-MG), que foi ministro do Turismo na gestão passada. “É uma pena que representantes do povo ficaram de fora. Nós não pudemos entrar para ver como está lá dentro”, disse a parlamentar do DF.

Segundo os parlamentares, eles exerciam o dever fiscalizador que lhes é garantido pela Constituição Federal e queriam ver com os próprios olhos como essas pessoas estão sendo tratadas, mas foram barrados na porta da academia. “Ficamos três horas aqui e não tivemos acesso. Só conversamos com a delegada. Já falei com o (presidente da Câmara, Arthur) Lira hoje e vamos formar uma comissão externa para acompanhar as investigações”, afirmou Kicis.

A parlamentar destacou ainda as notícias de pessoas que teriam morrido no local. “Essa história já foi desmentida. A Polícia Federal disse que não faleceu ninguém. A delegada também disse que não faleceu ninguém. Mas a gente sabe que tem pessoas que não estão passando muito bem, precisam ser medicadas (...) a gente queria ver para que a gente pudesse reportar para vocês o que está acontecendo”, prosseguiu a parlamentar.

Na Academia Nacional da Polícia Federal estão detidos os suspeitos pelos atos antidemocráticos realizados no último domingo. Na segunda-feira (9/1), mais de 1500 pessoas foram levadas para o local. Cerca de 600 foram liberados por “questões humanitárias" e outros 500 transportados para o sistema prisional.

“Vamos seguir atentas, acompanhando.(...) Queremos que a lei seja aplicada, mas não daquela forma de punir os conservadores e liberar os bandidos. Em todo lugar existe extremistas”, prosseguiu a parlamentar, ao destacar que a entrada de advogados e defensores públicos está liberada.

Cadê o Bolsonaro?

Enquanto Kicis transmitia o vídeo ao vivo, um manifestante que se dizia militar da ativa a cobrou da deputada um posicionamento por parte do ex-presidente: “Cadê o Bolsonaro? Ele não vai falar nada? Bolsonaro está sendo covarde, a verdade é essa”, interrompeu o homem.

“Eu estou fazendo uma live, dá licença? falando com meu público, fale com o seu público”. O manifestante disse ainda que estava fazendo uma pergunta democrática. A parlamentar, no entanto, respondeu que responde por ela, não pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

A Polícia Federal foi procurada pela reportagem do Correio para saber porque os parlamentares não puderam entrar no ginásio. Até a última atualização desta matéria, a PF ainda não havia respondido. O espaço segue aberto.

Segundo o jornal O Globo, o que se comenta nos bastidores da corporação é que, uma das razões para impedir a entrada dos parlamentares é a suspeita de que parte dos deputados bolsonaristas pode ter estimulado os atos antidemocráticos. No local, estão sendo colhidos os depoimentos de manifestantes.

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