Jornal Correio Braziliense

ATOS GOLPISTAS

Com registro nas redes, participantes de atos golpistas são identificados

Na busca por cliques e like, envolvidos no quebra-quebra do último domingo (8/1) mostram provas dos ataques em redes sociais

Influenciadores, internautas, anônimos e até deputados somam esforços para identificar terroristas presentes em ato que vandalizou os três poderes no último domingo (08/01), nas redes sociais rostos e vida pessoal são divulgadas em busca de justiça. Em grupos públicos do Telegram, os envolvidos divulgam imagens e vídeos exaltando o ataque e impulsionam a exposição nas demais redes.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública criou um canal de denúncias por meio do e-mail: denuncia@mj.gov.br para que demais internautas pudessem encaminhar materiais de fotos e vídeos que ajudassem a identificar os vândalos presentes. Até a noite de segunda-feira (9/1), o canal tinha recebido mais de 13 mil denúncias. O Ministério promete que todos os criminosos que atentarem contra a democracia do Brasil serão responsabilizados. “Qualquer informação ou pista é bem-vinda”, escreveu o perfil ministerial, no Twitter.

O perfil Contragolpe Brasil (@contragolpebrasil) conta com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, e já divulgou 196 pessoas. Entre as exposições, a que ficou mais famosa nas redes sociais é colocada como “umas das articuladoras da invasão”. Ana Priscila Azevedo, identificada na internet como funcionária do banco Bradesco, mesmo a instituição negando a ligação. A participante do ato antidemocrático, que se filmou durante o ataque, rindo e brincando com um companheiro sobre um carro da policial estar sendo jogado em um dos espelhos d'água do Congresso Nacional.

Ana é acusada de administrar o grupo “A queda da Babilônia”, que contava com cerca de 35.319 membros até segunda-feira (09/01). Iguais ao grupo dela são contabilizados pelo ao menos mais 5 que tem como objetivo reunir apoiadores dos atos golpistas na capital. Como esses são “Sparta News” (3.148 membros), “Intervenção Pátria Amada” (1.822 membros), “A queda da Babilônia” (35.319 membros); “Dr. Marcelo Frazão” (21.999 membros) e “Nós somos o Brasil” (2.425 membros).

Até mesmo para o coronel da reserva, o militar Adriano Camargo Testoni, a exposição chegou, ele foi um dos que compareceu ao ato golpista do último domingo, em Brasília. Em um vídeo que é compartilhado nas redes sociais, Testoni ofende generais das Forças Armadas, acompanhado de uma mulher, nas imagens aparece ele deixando o ato, fugindo dos efeitos das bombas de efeito moral.

O tenista brasiliense Gilbert Klier, que foi pego no exame antidoping e suspenso provisoriamente pelo International Tennis Integrity Association (ITIA), também foi identificado por meio de fotos e vídeos postados nas redes sociais comparecendo ao movimento no centro da capital. O esportista ao lado da namorada Victória Gonçalves nos registros.

O tenista repostou uma foto ao lado da companheira, que também publicou uma foto do Congresso com uma faixa escrita “intervenção”. Também por meio do perfil online, o atleta de 22 anos pediu desculpas e disse que não compactua com o ato terrorista.

Erlon Paliotta Ferrite, chefe de setor de ambulâncias da secretaria municipal de saúde de Penápolis (SP), teve a exoneração solicitada pelo Partido dos Trabalhadores. O pedido foi feito pelo prefeito Caíque Rossi, do PSD. Ferrite teria participado do ato e gravado um vídeo chutando um busto no edifício do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele também gravou outro manifestante, Fábio Oliveira, sentado em uma cadeira do Supremo. “A cadeira do Xandão está agora com meu irmão, Fábio”, afirma o servidor em vídeo.

“O funcionário em cargo de confiança Erlon Paliotta Ferrite, não poupou esforços ao consumar atos terroristas, depredações do patrimônio público, bem como, incitação ao ódio”, afirma a solicitação do PT.

Ana Lúcia Bagueira, defensora pública, sofre com pedido de suspensão feito pelos próprios colegas de trabalho. Um grupo de 24 defensores públicos do Rio de Janeiro pediu à Corregedoria da Defensoria Pública do Estado pedindo que a participante do ato seja punida.

Os defensores alegaram que integrantes da Defensoria não podem demonstrar apoio a atos “golpistas, terroristas, fascistas e antidemocráticos”. A defensora fez uma postagem em seu instagram, com a foto que mostra a escultura da Justiça do STF pichada com a frase “perdeu, mané”, Bagueira disse que havia chegado “o dia” e que estava “feliz”.

Até o fechamento desta edição, o Correio não havia localizado a defesa de nenhum dos citados na reportagem. O espaço permanece aberto para manifestações.

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