Cristovam Buarque, ex-governador do Distrito Federal e ex-senador da República avaliou mal a decisão de Ibaneis Rocha (MDB) ao escalar Anderson Torres como secretário de segurança pública do Distrito Federal. Convidado da edição desta semana do Podcast do Correio, Buarque classificou como uma provocação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o convite para Torres comandar a logística da área onde o novo chefe do executivo atua, visto que, segundo o ex-governador, Torres ainda pede conselhos políticos ao ex-presidente.
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“Sobre esse caso específico, o governador fez uma provocação ao colocar um ministro do Bolsonaro, um homem que não só era ministro, um bolsonarista dos mais radicais. Ele não poderia ter feito essa provocação, foi um equívoco grave”, pontuou.
À época em que foi governador do Distrito Federal pelo PD (1995 a 1998), Cristovam Buarque lembrou que pediu indicação direta ao então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para que indicasse quem seria o secretário de segurança pública. Sobre os atentados aos prédios dos três poderes no último domingo (8/01), Cristovam Buarque foi categórico ao afirmar que houve omissão por parte da administração distrital com relação à segurança da área.
Durante a conversa, o ex-governador foi informado sobre a prisão do ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) coronel Fábio Augusto, ação determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. “Todas essas prisões e ações tem duas maneiras de se ver. Uma é a legalidade. Confesso que não me sinto seguro para falar da legalidade da intervenção, da suspensão do mandato do Ibaneis. Agora, do ponto de vista da institucionalidade, eu acho que o ministro não faria isso levianamente. Informações ele tem”, comentou.
Cristovam Buarque, que também já foi Ministro da Educação entre 2003 e 2004, no primeiro mandato de Lula, contou que estava no shopping com o neto no momento em que os ataques aconteciam. Uma popular que o avisou sobre a invasão dos terroristas bolsonaristas. “Ela pegou o telefone dela e me mostrou. Na primeira hora, eu não acreditei. Pensei 'um grupo de malucos, moleques'”.
Buarque lembrou que à época da formação da constituição federal de 1988, lutou pela autonomia do Distrito Federal sobre as decisões e sobre a gestão da área de segurança.
“O governador foi eleito pelo povo do DF e governa para o povo do DF, mas cuida da segurança da república inteira. tem que haver um casamento e esse casamento pode ser desde acabar a autonomia — não vamos querer que isso aconteça — até continuar como está e correr o risco, não só de eventos como esse, mas de um governador extremista cercar a casa do presidente e prendê-lo", explicou.
*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes
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