Jornal Correio Braziliense

atos golpistas

Obras destruídas no STF e Planalto foram feitas por sobreviventes do holocausto

Cadeiras destruídas por terroristas foram projetadas por sobrevivente judeu e encomendas pelo próprio Oscar Niemeyer

Peças que ficavam no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal (STF) foram destruídas durante os ataques que as sedes dos Três Poderes sofreram na tarde do último domingo (8/1). Cerca de 40 obras foram estragadas ou roubadas, dentre elas as cadeiras do STF e uma escultura do Planalto que foram desenvolvidas por sobreviventes do holocausto nazista. 

As cadeiras usadas pelos ministros do Supremo foram projetadas pelo arquiteto e designer polonês Jorge Zalszupin. O sobrevivente era judeu, nascido em Varsóvia, foi para Romênia fugindo dos nazistas, este foi o país que lhe deu a possibilidade de estudar arquitetura. No pós-guerra, imigrou para o Brasil. As peças foram projetadas por Zalszupin nos anos 1960 a pedido do próprio Oscar Niemeyer.

No domingo, porém, as poltronas foram mais uma das vitimas dos vândalos que adentraram os poderes da política brasileira. Os móveis foram arrancados e jogados na rua junto do brasão que ficava exposto no plenário da Corte. 

A filha do arquiteto, Verônica Zalszupin lamentou nas redes sociais a destruição e contou que as poltronas desenhadas por ele também representavam o Brasil de Niemeyer. "Era um país que acolheu ele como imigrante com amor", escreveu.

Outra vitima do vandalismo que foi desenvolvida por um judeu sobrevivente da guerra, foi uma escultura de parede, em madeira, do polonês Frans Krajcberg, que ficava no Palácio do Planalto. Galhos de madeira que compõe a obra foram quebrados e jogados longe.

Krajcberg nasceu e cresceu na Polônia, porém durante a Segunda Guerra precisou se mudar para outra cidade mais ao sul do país, Czstochowa. Ele conseguiu refúgio na antiga União Soviética, onde estudou engenharia e artes na Universidade de Leningrado. 

Segundo o Museu do Holocausto de Curitiba, o judeu teria vindo ao Brasil procurando reconstruir a vida após perder toda a família em um campo de concentração. Algumas das obras projetas pelo artista tem um apelo ecológico junto de um ativismo, que associa arte e defesa do meio ambiente, é um exemplo da arte destruída no Palácio. 

Reprodução - Cadeira do Supremo Tribunal Federal é arrancada e jogada para fora de prédio com brasão do Brasil
Reprodução - Designer polonês Jorge Zalszupin com cadeira arrancada do STF
Nelson Jr./SCO/STF - Rosa Weber — Em 2005, foi indicada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar a cadeira de ministra do Tribunal Superior do Trabalho. Seis anos depois, a ex-presidente Dilma Rousseff sugeriu o nome da magistrada para assumir a vaga deixada pela ministra aposentada Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal
Foto: Divulgação - O artista faleceu aos 96 anos em 2016 e deixou legado no ativismo ambiental
Raimundo Sampaio/ENCDF/D.A Press - 25/01/2013. Crédito: Raimundo Sampaio/Encontro/D.A Press. Brasil Brasilia. Obras de arte são catalogadas pela comissão de curadoria da Presidência da Republica. Obra Galhos e Sombras de Frans Krajcberg.

*Estagiária soba supervisão de Thays Martins

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