Paulo Pimenta, ministro da Secretaria Especial de Comunicação Social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), convidou a drag queen Ruth Venceremos para assumir o cargo de assessora de Diversidade e Participação Social da pasta. A pedagoga já era cotada para assumir o posto e, nesta terça-feira (6/1), seu nome foi formalizado após aceitar o convite feito por Pimenta.
Ruth é militante ligada ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e defensora dos direitos humanos, da população LGBTQIAPN+ e dos negros. Formada em pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), ela é mestre em educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e foi a primeira drag queen a disputar um cargo de deputada federal pelo Distrito Federal nas eleições de 2022.
Apesar de ter recebido votos suficientes para se eleger, por conta do sistema proporcional que define quem assume as vagas para deputados distritais e federais, ela ficou como primeira suplente de deputada federal da federação PT, PV e PC do B. Ruth também é produtora cultural e faz parte do Distrito Drag, um coletivo que reúne artistas drags do DF, do qual é uma das fundadoras e diretora.
A pernambucana, nascida no sertão do estado nordestino, tem forte atuação política no DF e alcançou destaque nacional por sua militância em favor das minorias. Por conta do seu trabalho tanto a favor da população LGBT, quanto na luta antirracista, ela recebeu, em 2019, o Prêmio de Direitos Humanos concedido pelo Governo do Distrito Federal (GDF).
Processo de escuta da sociedade
Após aceitar o convite feito pelo ministro Paulo Pimenta, Ruth conversou com o Painel, coluna da Folha de S.Paulo, e afirmou que pretende exercer, enquanto assessora da Secom, um processo de escuta da sociedade civil. Para trabalhar com excelência, ela garante que colocará em prática os ensinamentos adquiridos como pedagoga, drag queen e ativista.
Evan Hilário dos Santos, o nome por trás de Ruth Venceremos, acredita que ser nomeada para um cargo no Governo Federal é uma forma de representação do povo e inclusão dos corpos que foram deixados de lado nos últimos quatro anos. Para ela, a nomeação vai contra o desmonte dos mecanismos de participação social promovido durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "É muito emblemático. Eu, como sujeito, sou tudo que o bolsonarismo tentou destruir no último período. Estar em um espaço como a Secom é fundamental para abrir espaço para dizer para outros como eu: 'olha, nós podemos chegar lá com capacidade técnica e olhar sobre os direitos humanos'", disse à Folha de S.Paulo.
“A gente, que estará na Secretaria de Comunicação, cuidando da comunicação mais institucional, não pode ignorar o que é a representação do povo brasileiro hoje, com uma diversidade de sujeitos, que deve aparecer como um próprio projeto de governo", declarou Ruth ao Painel.