A primeira-dama, Rosangela Lula da Silva, a Janja, convidou a jornalista e apresentadora da GloboNews Natuza Nery para visitar o Palácio da Alvorada e ver, de perto, as avarias no teto, piso, tapetes e móveis da residência oficial. A falta de manutenção no edifício deixou danos que levarão, ao menos, 20 dias para serem reparados e, consequentemente, atrasar a mudança do presidente para o local.
Guiada por Janja, Natuza conheceu os cômodos da casa, a área privativa que deverá ser morada de Lula e a primeira-dama, bem como a Sala de Estado, destinada para reuniões de trabalho da Presidência da República. De acordo com a jornalista, o estado geral da residência “não é bom e exige muitos reparos”.
No espaço onde Lula e Janja devem morar, existem tapetes rasgados, infiltrações no teto, janelas quebradas, sofás danificados e obras de arte que deveriam estar nas paredes, mas foram retiradas e ainda não localizadas. Já no cômodo reservado para reuniões, o assoalho de madeira está com tábuas soltas e quadros estragados pela exposição ao sol.
Na quarta-feira (4/1), o Correio já havia adiantado que os danos encontrados no Palácio da Alvorada após a saída do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), exigiriam reparos. O local passou por uma inspeção e, de acordo com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), as infiltrações causadas por falta de manutenção deixaram estragos no piso e teto e, além de obras de arte, móveis e peças foram retiradas do acervo da residência. Segundo o ministro, o governo federal vai realizar uma força-tarefa para fazer os reparos no prazo.
O Palácio é um prédio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e isso inclui o acervo de artes dentro do edifício. Rui Costa disse ainda que Bolsonaro teria deixado algumas portas de acesso do Palácio do Planalto trancadas e sem chave, causando dor de cabeça a Lula, que teve que trocar as fechaduras.
Após a reforma, Janja alegou que pretende reabrir parte do Alvorada à visitação pública. Antes de Bolsonaro se mudar para o local, a população podia visitar os cômodos do Palácio que não fazem parte da morada presidencial, mas, quando o governo anterior assumiu o poder, o edifício foi fechado ao público.
Árvore arrancada e pintura retirada do Palácio
Outra situação também chateou Lula. Segundo Natuza Nery, quando Lula foi presidente, entre 2003 e 2010, ele plantou um pé de mandacaru no local, mas, ao visitar o Palácio do Planalto na terça-feira (3/1), percebeu que a árvore não estava lá, foi retirada. A jornalista relatou que, de acordo com sua conversa com Janja, o Chefe do Executivo ficou “um tanto decepcionado" com a situação.
Além do sumiço da planta na Alvorada, uma obra de arte da pintora brasileira Djanira da Motta e Silva (1914-1979) foi removida do Palácio do Planalto, local de trabalho da Presidência da República. A pintura, intitulada Orixás, retrata três divindades africanas e duas filhas de santo e foi retirada do local ainda no primeiro ano do governo Bolsonaro.
O paradeiro da obra durante esses anos, segundo matéria publicada pela BBC, é incerto. No lugar dela no Planalto, foi colocada outra pintura da mesma artista, chamada Pescadores. Essa troca acabou por danificar a tela Orixás, que, conforme afirmou Janja, está com “um furo feito de caneta”. Com a volta de Lula à sede do Poder Executivo, a arte será colocada novamente no Planalto. “Vai voltar ao local que pertence, o Palácio do Planalto. Vai estar numa exposição agora em janeiro, mas vai voltar. Aliás, faremos todo o trabalho de recomposição do acervo, vamos tratar isso com muito carinho", garantiu a primeira-dama à BBC.