Após a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmar que pretende montar uma equipe diversa, mas que seria “difícil” levar mulheres negras para trabalhar em Brasília, Anielle Franco, da pasta de Igualdade Racial, disse que quer criar um banco de currículos de pessoas negras para que gestores possam consultar ao preencher vagas nos ministérios.
“Eu já apresentei para ela (Tebet) algumas ideias e a gente vai falar mais adiante. Eu não posso falar ainda, mas uma delas, por exemplo, que foi ideia do nosso ministério, é a gente ter inclusive um banco de pessoas, currículos, público mesmo, em ligação com ministérios transversais, para que a gente possa vir a preencher todas essas vagas", revelou Anielle depois da solenidade de posse do Planejamento, nesta quinta-feira (5/1).
Durante a cerimônia, Anielle discursou e disse que mulheres negras sempre estiveram “na linha de frente da construção desse país”.
“Subo aqui também para dizer que já me coloquei à disposição da ministra, e trabalharemos juntas em estratégias que ampliem diversidade na composição dos ministérios. E que seguiremos trabalhando para evidenciar os talentos que o Brasil do futuro produz todos os dias. Eles precisam, elas precisam estar do nosso lado”, afirmou citando exemplos como Luiza Barros, ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Brasil; a autora e co-fundadora do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro (IPCN-RJ), Lélia Gonzalez; a ex-ministra e deputada federal, Benedita da Silva; e a sua própria irmã, a vereadora do Rio de Janeira, assassinada em 2019, Marielle Franco.
Equipe diversa
Ao ser questionada sobre a composição do ministério na última quarta-feira (4), Simone Tebet disse que só divulgaria os escolhidos quando a equipe estivesse completa, e citou a dificuldade de compor um time diverso. Segundo a ministra, mulheres negras são geralmente arrimo de família, ou seja, são responsáveis pelo sustento do lar, sendo assim difícil trazê-las para Brasília. Para Tebet, o salário oferecido também não era suficiente para motivar a mudança.
“Acho que a gente tem que prezar acima de tudo pela diversidade. Estou indo para uma pasta que hoje ainda é extremamente masculina. Quero não só ter mulheres, mas mulheres pretas”, comentou. “E a gente sabe, lamentavelmente, que mulheres pretas normalmente são arrimo de família. Trazer de fora de Brasília é muito difícil.”
Antes da posse, Anielle entregou a Tebet uma lista de currículos, formulada pelo movimento Elas no Orçamento, com mulheres negras e pardas com experiência em gestão e orçamento.
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