A senadora Simone Tebet (MDB) assumiu, na manhã desta quinta-feira (5/1), o Ministério do Planejamento e Orçamento. Ela reforçou que a política social é central para o país diante de um momento dramático, em que a “pobreza tem a cara de uma mulher negra”. Com um discurso de inclusão, ela frisou que sua pasta teria o dever de servir a todos. “Os pobres estarão, prioritariamente, no orçamento público”, garantiu.
Em emendou: “Não somente eles: as crianças, os jovens, os idosos, estarão no orçamento. As mulheres, os negros, os povos originários, estarão no orçamento; as pessoas com deficiência, a comunidade LBGTQIA+ estarão no orçamento. Os trabalhadores estarão no orçamento”.
Ela definiu como uma das prioridades do governo tirar do papel a formulação de um plano nacional de desenvolvimento regional. “É preciso atacar as desigualdades sociais e regionais que tanto nos envergonham. É inadmissível que, como expressão maior dessa nossa dívida, continuemos nesta situação vergonhosa em que a cara mais pobre do Brasil seja a de uma mulher, negra e nordestina”, destacou.
A cerimônia de transmissão de cargo contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e diversos ministros, como o da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra da Gestão, Esther Dweck, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
A pasta é fruto do desmembramento do Ministério da Economia em três pastas. Ao contrário de outros ministros, a senadora ainda não havia antecipado seus planos à frente da gestão, afirmando que só falaria à imprensa após conversar com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O ministério assumido por Tebet foi um dos principais temas de debate no período de transição de governo, diante do impasse do rombo fiscal e o aumento dos gastos públicos com os programas sociais previstos pelo governo. A ministra se comprometeu em não descuidar dos gastos públicos e conciliar as necessidades e prioridades de cada ministério estabelecido, com o recurso disponível. Frisou a manutenção da segurança jurídica, sustentabilidade ambiental e cumprimento de metas fiscais.
“Não há uma política social sustentável sem uma política fiscal responsável; seremos responsáveis com os gastos públicos. Pensando no presente, garantir pão a quem tem fome, abrigo a quem não tem teto, hospitais e remédios aos enfermos e emprego e renda aos desempregados. Pensando no futuro, escola de qualidade, esporte e cultura para as nossas crianças e jovens, agora, hoje, já”, disse.
Combate à inflação
A ministra citou como principais desafios o combate à inflação, os juros altos, a miséria e a fome. “Não há problema maior em uma economia do que a inflação, porque ela atinge, principalmente, as camadas mais pobres. O trabalhador não emite moeda. Mesmo que empregado, vê seu poder de compra cada vez mais deteriorado pelo aumento de preços. A inflação também encarece investimentos, atrapalha a criação de empregos e cria uma ciranda negativa”, afirmou.
A ministra anunciou também que entre as competências da pasta estão a elaboração de subsídios para o planejamento e a formulação de políticas públicas de longo prazo destinadas ao desenvolvimento nacional. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) também devem ficar sob a alçada da pasta.
Sobre Simone Tebet
Terceira colocada no pleito presidencial, a emedebista se tornou uma das figuras centrais e principais apoiadoras do presidente Lula (PT) durante o segundo turno das eleições. Filha do político Ramez Tebet, senador e ex-presidente do Congresso Nacional, falecido em 2006, Tebet nasceu em Três Lagoas (MS), formou-se em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e obteve o título de mestrado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Advogada e professora, elegeu-se deputada estadual pelo seu estado em 2022 e, dois anos depois, tornou-se a primeira mulher eleita prefeita de Três Lagoas, cargo para o qual foi reconduzida no pleito seguinte. Foi eleita vice-governadora do Mato Grosso do Sul em 2011 e senadora em 2015.
No Senado, liderou a primeira bancada feminina da história e tornou-se presidente da Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher. Foi também a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça e a primeira mulher a disputar a presidência do Senado em 198 anos. A senadora se destacou nacionalmente pela atuação na CPI da Covid e o escândalo da vacina covaxin. Apesar de não ser uma integrante fixa da comissão, ela participou dos principais depoimentos da CPI com uma atitude crítica à gestão do governo Bolsonaro (PL) na pandemia.
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