Sob os olhares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) assumiu, nesta quarta-feira (4/1), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Ao tomar posse do cargo, durante solenidade em Brasília, Alckmin pregou a necessidade de reindustrializar o país e aumentar a participação do setor na composição do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O novo ministro apontou "descaso" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ante a área industrial.
"Ou o país retoma a agenda do desenvolvimento industrial ou não recuperará um caminho de crescimento sustentável, gerador de emprego e distribuidor de renda", disse.
Alckmin fez uma retrospecto da participação da participação da área industrial na economia brasileira e afirmou que, durante a década de 1980, se excluídas as indústrias extrativas, as fábricas correspondiam a cerca de 20% do PIB. Em 2020, contudo, a fatia foi reduzida a 11,3%.
"Entre 1980 e 2020, a indústria dos Estados Unidos mais do que dobrou de tamanho; a do mundo, ficou três vezes maior; a da China, 47 vezes maior. Mas, a do Brasil, cresceu apenas 20%", lamentou.
Bolsonaro extinguiu o MDIC e atribuiu os trabalhos da pasta ao antigo Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes. Segundo o vice-presidente, a recriação pode aprimorar o apoio governamental aos envolvidos no processo industrial. Ele prometeu trabalho conjunto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), liderado por Aloizio Mercadante (PT).
"Depois de quatro anos de descaso, má gestão pública e desalinho com os reais problemas brasileiros, o presidente Lula, com acerto, determinou a criação desse ministério, como medida fundamental para o Brasil retomar o caminho do desenvolvimento, como ocorreu em seus governos bem-sucedidos", festejou.
Lema federal pauta posse
Durante o discurso de posse, Alckmin citou o lema do novo governo federal: "união e reconstrução". Ex-governador de São Paulo, o socialista tem bom trânsito com interlocutores ligados à indústria nacional.
"O esforço de reindustrializar o Brasil, de aperfeiçoar ainda mais nossa agroindústria e todo o parque industrial, agregando-lhes mais valor, e de incluir os trabalhadores em nossa economia, não são tarefas episódicas, mas uma obra de todo o governo", assegurou.
Segundo ele, o incentivo à produção industrial precisa ocorrer para garantir "justiça social". "A reindustrialização é essencial para que possa ser retomado o desenvolvimento sustentável", pregou.
Alckmin disse crer que o Brasil pode ser protagonista da "descarbonização" da economia global. Por isso, projetou a construção de pontes com Marina Silva (Rede), ministra do Meio Ambiente.
A pasta de Indústria e Comércio terá, inclusive, uma secretaria voltada ao incentivo à economia verde. A ideia inicial de Lula era entregar o MDIC a um representante do setor empresarial. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, chegou a se reunir com o petista para tratar do tema. Filho do ex-vice-presidente José Alencar, ele recusou o convite. A tarefa, então, foi repassada a Alckmin.