Diante de um plenário lotado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, no Congresso Nacional, o primeiro discurso como chefe da nação. Pela terceira vez na história, o líder petista fez o juramento de cumprir a Constituição como titular do cargo mais alto da República. Após breve e protocolar pronunciamento do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Lula apontou para a classe política e para o país o rumo que pretende dar ao país nos próximos quatro anos. Mas, antes, fez questão de marcar a diferença entre o que sua vitória representa e os últimos quatro anos do governo de Jair Bolsonaro.
Lula creditou sua vitória à “consciência política da sociedade brasileira” e da frente ampla que se formou para apoiá-lo nas eleições. E disparou severas críticas ao governo que o precedeu. Usou a expressão “nunca antes na história deste país se viu” várias vezes para denunciar o uso de recursos públicos com objetivos eleitorais, a construção de “um discurso de ódio”, a construção de um projeto autoritário, o desmonte de políticas públicas e o constrangimento de eleitores.
O presidente elogiou ainda a Justiça Eleitoral e o sistema eletrônico de votações. E reafirmou o compromisso que fez no primeiro discurso de posse, em 2003, de combater a fome.
Lula fez um paralelo entre a campanha pela redemocratização do país na época da ditadura militar e os compromissos democráticos que assumiu neste domingo em seu discurso de posse. "Sob os ventos da redemocratização, dizíamos: ditadura nunca mais! Hoje, depois do terrível desafio que superamos, devemos dizer: democracia para sempre!."
O discurso de Lula foi todo pontuado por críticas ao governo de Bolsonaro, que deixou o país na sexta-feira (30/12) para não entregar a faixa presidencial ao opositor. Disse, diante de um plenário lotado na Câmara dos Deputados que o slogan do novo governo é "esperança e reconstrução". E disse que seu trabalho será o de "reerguer" o "o grande edifício de direitos, de soberania e desenvolvimento que esta nação levantou" e que "vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes".
"É sobre estas terríveis ruínas que assumo o compromisso de, junto com o povo brasileiro, reconstruir o país e fazer novamente um Brasil de todos e para todos", declarou, antes de considerar "estarrecedor" o diagnóstico feito pelo governo de transição nos últimos dois meses.
Ao apontar como prioridade maior deste início de mandato o atendimento às mais de 33 milhões de família que sofrem de insegurança alimentar e de fome, Lula voltou a criticar a gestão anterior, ao dizer que a essa população mais pobre suportou "a mais dura carga do projeto de destruição nacional que hoje se encerra". E prometeu um "Bolsa Família renovado, mais forte e mais justo".