Ianomâmis

Governo prepara operação de retirada do garimpo ilegal em Roraima

FAB instala equipamentos em Surucucu para aumentar segurança dos voos de ajuda humanitária

Vinicius Doria
postado em 30/01/2023 19:29
 (crédito: Nelson Almeida/ AFP)
(crédito: Nelson Almeida/ AFP)

O hospital de campanha montado pela Força Aérea Brasileira em Boa Vista para atender o povo ianomâmi fez, desde sexta-feira (27/1) até o início da tarde desta segunda-feira (30/1), mais de 170 atendimentos, a maioria em pediatria, ginecologia e clínica médica. O hospital também faz exames laboratoriais e de ultrassonografia, além de receber indígenas resgatados na floresta com desidratação, desnutrição severa e doenças como a malária. Nesses três dias, foram transportados 37 doentes graves por helicóptero.

Os aviões da Aeronáutica também estão atuando no transporte de alimentos e remédios para as comunidades indígenas. Por causa da precariedade das pistas de pouso, como a da base de Surucucu, principal ponto de apoio aos ianomâmis, a carga está sendo lançada de paraquédas por aviões maiores, e resgatadas em solo por militares. Já foram descarregadas mais de 56 toneladas de mantimentos e medicamentos.

Para aumentar a segurança do tráfego aéreo na região entre Boa Vista e a estação de Surucucu, a FAB instalou, no domingo (29/1), na pista da comunidade, equipamentos de controle de aproximação para monitorar, com precisão, os deslocamentos de aviões e helicópteros. O Exército também participa das operações de resgate e transporte de alimentos para as comunidades indígenas de Roraima.

Na manhã desta segunda-feira, o comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno, participou de uma reunião, no Palácio do Planalto, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Flávio Dino (Justiça), José Múcio (Defesa), Sílvio Almeida (Direitos Humanos), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais); além do secretário-executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa, para avaliar as ações de socorro no extremo Norte do país.

É esperada para os próximos dias a deflagração de uma grande operação de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Ianomâmi, coordenada pela Casa Civil da Presidência. A Polícia Federal vai agir em conjunto com fiscais do Ibama e do ICMBio e por militares das Três Forças, que já estão se organizando. No caso da Aeronáutica, estão em Boa Vista, prontos para entrar em operação, mais de 10 caças A 29, conhecido como Super Tucano — o mesmo modelo usado pela Esquadrilha da Fumaça. Esse caça é usado em operações de interceptação de pequenos aviões clandestinos, como os usados pelos garimpeiros.

Segundo nota da Presidência da República, para combater a extração clandestina de ouro e coibir outras práticas ilegais é preciso impedir as rotas de transporte aéreo e fluvial dos criminosos. “As ações também visam impedir o acesso de pessoas não autorizadas pelo poder público à região buscando não apenas impedir atividades ilegais, mas também a disseminação de doenças”, informou a Presidência. Estima-se que mais de 30 mil garimpeiros atual ilegalmente na reserva indígena, mais do que a população ianomâmi na área — cerca de 20 mil pessoas que vivem em mais de 230 aldeias.

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