O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, deve ser ouvido hoje no inquérito que investiga o atentado contra as sedes dos Três Poderes da República, no último dia 8. A informação de fontes da Polícia Federal indicam que o delegado que comanda a investigação, Alexandre Camões Bessa, deve tomar o depoimento do ex-ministro no 4º batalhão da Polícia Militar no Guará, em Brasília, onde ele permanece preso desde que retornou dos Estados Unidos, no sábado.
A visita que Torres recebeu, ontem, na prisão, por quase cinco horas, do advogado Rodrigo Henrique Roca Pires, que comanda a defesa do ex-ministro, reforça a expectativa de que ele preste depoimento hoje.
Anderson Torres conta com mais profissionais na equipe de defesa, como o advogado criminalista e ex-senador Demóstenes Torres que, na semana passada, confirmou que trabalharia de forma voluntária para o ex-ministro. Demóstenes não foi localizado, ontem, em Brasília.
Para especialistas, a marcação de oitivas pela polícia depende apenas da conveniência da investigação, mas, segundo informações da PF, o agendamento aguarda uma sinalização do ministro Alexandre de Moraes, que preside o inquérito dos atos antidemocráticos no Supremo Tribunal Federal (STF).
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Apesar da expectativa de que o ex-ministro seja ouvido hoje, há quem aposte na possibilidade de a oitiva ser marcada para outro dia, estendendo o isolamento de Torres, o que aumentaria a pressão para que ele revele o que sabe sobre a organização dos atos antidemocráticos e, principalmente, da minuta de intervenção do Executivo na Justiça Eleitoral, encontrada na casa dele, na semana passada, em uma operação de busca e apreensão. O teor do documento foi considerado golpista por especialistas em direito constitucional por propôr a intervenção de um Poder em outro.
Sinal desse isolamento foi o atendimento que Torres recebeu ontem de um psiquiatra da Secretaria de Saúde do DF, que esteve nas instalações da PM em que o ex-ministro está preso. O profissional de saúde foi solicitado pelo próprio ex-ministro.
Outro fator que pode complicar a situação de Torres é a determinação feita ontem pelo ministro-corregedor da Justiça Eleitoral, Benedito Gonçalves, para que o ex-presidente Jair Bolsonaro se manifeste em três dias sobre a minuta do golpe.
A defesa do governador afastado do DF, Ibaneis Rocha (MDB), não teme o depoimento de Torres, que foi renomeado para o cargo de secretário de Segurança local após o término do governo Bolsonaro. Segundo o advogado Cleber Lopes, no depoimento voluntário que deu à Polícia Federal, Ibaneis "não fez nenhuma acusação direta" a Anderson Torres. "O governador não defende, mas também não acusa o secretário", disse o advogado.
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