ATOS EXTREMISTAS

Vídeo identifica homem que destruiu relógio de Dom João VI no Planalto

O relógio foi trazido ao Brasil em 1808 por Dom João VI. Essa é uma das duas peças do relojoeiro francês Balthazar Martinot existentes. A outra está exposta no Palácio de Versalhes, na França, no quarto de Maria Antonieta, e tem metade do tamanho do relógio destruído

Nahima Maciel
Cecília Sóter
postado em 16/01/2023 12:30 / atualizado em 12/07/2023 10:02
Vídeo identifica homem que destruiu relógio de Dom João IV no Planalto -  (crédito: Reprodução/Fantástico/TV Globo)
Vídeo identifica homem que destruiu relógio de Dom João IV no Planalto - (crédito: Reprodução/Fantástico/TV Globo)

Um vídeo, divulgado na noite deste domingo (15/1), mostra o homem que destruiu o relógio raro dado de presente a Dom João VI, em 1808, durante os atos terroristas contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro. O relógio, exposto no terceiro andar do Palácio do Planalto, foi derrubado propositalmente por um homem vestido com uma camisa com o rosto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nas imagens divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo, o vândalo primeiro derruba o relógio e, em seguida, o móvel no qual o objeto estava exposto.

Conheça o relógio raro destruído por bolsonarista

Ao Correio, o curador dos acervos do Palácio do Planalto e do Palácio do Alvorada, Rogério Carvalho, conta que o relógio, considerado raro, foi trazida ao Brasil em 1808 por Dom João IV, e pode ter sido um presente do rei da França Luís XIV ou uma compra da corte portuguesa.

"Quando Dom João VI veio para o Brasil, trouxe o relógio para ornar o palácio e ficou ali nos palácios do Rio, no Palácio Laranjeiras, possivelmente, e quando JK veio, o relógio veio também", conta o especialista.

A peça foi desenhada por André-Charles Boulle e fabricada pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot no final do século 17. Ele foi restaurado em 2012, após ter sido resgatado de um depósito do governo federal.

Essa é uma das duas peças do relojoeiro francês Balthazar Martinot existentes. A outra está exposta no Palácio de Versalhes, na França, no quarto de Maria Antonieta, e tem metade do tamanho do relógio destruído.

Segundo Rogério Carvalho, o trabalho que precisa ser realizado para restaurar o relógio é muito especializado. "A caixa é feita em casco de tartaruga e essa caixa foi jogada ao chão e ficou muito quebrada. O bronze que estava aderido à parte da tartaruga desconectou-se, a escultura que encimava o relógio foi partida, o vidro foi quebrado, a caixa com a assinatura do Martinot foi desconectada e a máquina foi atirada ao chão com tanta força que um ponteiro sumiu", relata.

"Acho pouco provável que no Brasil alguém faça. Já há movimentação de várias pessoas se oferecendo para a restauração", opina o curador, revelando que a relojoaria suíça Piguet, uma das maiores do mundo, enviou uma carta ao Planalto se oferecendo para a missão.

Ainda de acordo com o curador, um relatório do Iphan indicou alguns procedimentos e uma possível parceria com a Unesco, no sentido de ter recursos disponíveis.

"A gente está, nesse primeiro momento, fazendo uma equalização de danos, necessidades e recursos. A ideia é constituir-se um grupo de trabalho para discutir de forma mais ampla em relação ao patrimônio de Brasília, STF, Congresso Nacional e Planalto", concluiu.

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