Atos golpistas

Torres precisa responder quando pretendia usar minuta golpista, diz líder do PT

Torres foi preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF)

Agência Estado
postado em 14/01/2023 17:54
 (crédito: Wesley Amaral/Agência Câmara)
(crédito: Wesley Amaral/Agência Câmara)

O deputado federal Reginaldo Lopes (MG), atual líder do PT na Câmara, afirmou que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres precisa responder em que momento o governo de Jair Bolsonaro (PL) pretendia usar a minuta golpista encontrada na casa dele nesta semana pela Polícia Federal (PF). Torres, que estava nos Estados Unidos, chegou neste sábado, 14, ao Brasil e foi preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito das investigações sobre a invasão dos prédios dos Três Poderes no último domingo, 8, em Brasília (DF).

O magistrado ordenou a prisão de Torres na última terça-feira, 10. Naquele dia, durante uma operação de busca e apreensão na casa do ex-ministro, a PF encontrou o rascunho de um decreto para instaurar Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, com isso, reverter o resultado da eleição em que Bolsonaro foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Moraes determinou que Torres fosse preso porque ele ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal quando golpistas apoiadores do ex-presidente invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF. Há suspeita de omissão e conivência das forças de segurança do DF com a ação dos invasores.

"É fundamental para a democracia brasileira que ele possa explicar: a mando de quem, quem deu ordem para ele elaborar aquela minuta do decreto de defesa na Justiça Eleitoral, com intuito de dar golpe na democracia brasileira, de alterar a vontade popular nas urnas no dia 30 de outubro que consolidou a vitória do presidente Lula? Nós queremos conhecer a verdade", disse Lopes, em um vídeo publicado nas redes sociais.

"Uma outra pergunta importante que o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, agora preso, Anderson Torres terá de responder à Justiça brasileira é: em que momento eles pretendiam utilizar o decreto da defesa para alterar o resultado eleitoral? No dia 30 de outubro ou depois, que, sob pressão, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, apresenta um recurso tentando anular algumas urnas? Seria a partir do recurso do presidente do PL que publicariam o decreto do golpe e assumiriam o comando da Justiça eleitoral para alterar a vontade popular?", emendou o líder do PT.

Lopes se referiu à ação na qual o PL pediu para a Justiça anular votos na eleição presidencial com a alegação de que uma auditoria havia encontrado inconsistências em uma série de urnas eletrônicas. Moraes, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contudo, rechaçou os argumentos do partido comandado por Costa Neto e determinou uma multa de R$ 22,9 bilhões ao PL por litigância de má-fé.

Na última transmissão ao vivo realizada durante seu mandato como presidente, em 30 de dezembro, Bolsonaro disse que havia passado os dois meses anteriores em busca de "alternativas" à eleição de Lula. "Busquei dentro das quatro linhas se tinha alternativa para isso aí", afirmou o ex-presidente. "Mesmo dentro das quatro linhas da Constituição, você tem que ter apoio", emendou.

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