Os atos de terrorismo que destruíram as sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, no domingo (8/1), em Brasília, provocaram a intensificação das medidas de enfrentamento aos grupos antidemocráticos que tomaram conta do país desde o segundo turno das eleições, em 30 de outubro. Na madrugada de ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal (SFT), Alexandre de Moraes, concedeu o prazo de 24 horas para a remoção dos acampamentos montados por apoiadores bolsonaristas em todo o país.
"Determino a desocupação e dissolução total, em 24 (vinte e quatro) horas, dos acampamentos realizados nas imediações dos Quartéis Generais e outras unidades militares para a prática de atos antidemocráticos e prisão em flagrante de seus participantes pela prática dos crimes previstos nos artigos 2ª, 3º, 5º e 6º (atos terroristas, inclusive preparatórios) da Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016 e nos artigos 288 (associação criminosa), 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) e 359-M (golpe de Estado), 147 (ameaça), 147-A, § 1º, III (perseguição), 286 (incitação ao crime)".
A movimentação foi grande nas imediações dos "assentamentos" irregulares dos apoiadores do ex-presidente, em diversos estados. As estruturas montadas com lonas e barracas começaram a ser removidas já nas primeiras horas do dia. A determinação do afastamento do governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha por Alexandre de Moraes gerou um efeito cascata entre os chefes dos Executivos estaduais e municipais, que acataram, de imediato, a decisão da última madrugada.
Rio Grande do Norte
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), realizou, nas primeiras horas do dia, uma reunião do Grupo de Gestão Integrada (GGI), na Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), para planejar a ações de desocupação e dissolução total de acampamentos bolsonaristas.
Por meio de nota encaminhada à imprensa, Bezerra afirmou que "a intenção é fazer cumprir a recente decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para desocupação e dissolução total, em até 24 horas, de acampamentos bolsonaristas montados em áreas militares de todo o país", informou.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) também anunciou, na manhã de ontem, que iria desmontar o acampamento bolsonarista montado em frente ao Comando Militar, no centro da capital fluminense. Na declaração, explicou que a ação contaria com o apoio da Guarda Municipal, Exército e Polícia Militar.
"Até a noite de hoje, a prefeitura do Rio irá, em colaboração com o Exército e com a Polícia Militar, promover a retirada de todos os objetos e barracas que ocupam o espaço público tomado por manifestantes que atentam contra a democracia na praça Duque de Caxias", escreveu nas redes sociais. A decisão foi tomada por Paes após uma reunião com o secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale, e com o comandante da Guarda Municipal, José Ricardo Soares da Silva.
Em uma tentativa de manter a ordem pública e coibir possíveis atos golpistas, assim como os observados na capital do país, Eduardo Paes havia suspendido as folgas e licenças da Guarda Municipal. "Seremos firmes contra qualquer tentativa de terrorismo no Rio", garantiu o prefeito, ao se referir aos atos golpistas praticados por grupos extremistas de apoio a Jair Bolsonaro.
Durante o encontro com o secretário de Segurança Pública, o prefeito teceu duras críticas às forças de segurança do Distrito Federal, após a destruição dos prédios do Supremo Tribunal Federal, do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional. "Não dá pra chamar de falha de segurança não", referindo-se aos atos terroristas em Brasília, "é conivência e apoio de um lado e falta de capacidade de exercer a autoridade de outro", apontou.
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Embora os comentários quanto à falta de estratégia das polícias no DF, a remoção dos cerca de 50 manifestantes acampados em frente ao Comando Militar do Leste (CML), começou sem a presença da Polícia Militar e da Guarda Municipal. O grupo recolheu barracas, toldos e pallets usados no acampamento.
Um fotógrafo a serviço do jornal Folha de S.Paulo, foi agredido por um grupo. Ele foi cercado e ameaçado pelos bolsonaristas. O governador Cláudio Castro afirmou que a Polícia Militar só deve usar a força caso os manifestantes resistam à desocupação.
São Paulo
Na capital paulista, o Comando Militar do Sudeste também se mobilizou para remover os acampamentos de bolsonaristas. Pela manhã, conforme informações do jornal O Estado de São Paulo, o comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, aguardava instruções de Brasília enquanto negociava apoio da Secretaria de Segurança Pública do estado, sob o comando do capitão Derrite, deputado federal bolsonarista indicado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Por volta das 10h, manifestantes começaram a desarmar as barracas localizadas nas imediações do Ginásio do Ibirapuera e da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). No domingo, enquanto vândalos invadiram os prédios dos Três Poderes em Brasília, um pequeno grupo de bolsonaristas chegou a fechar as pistas da Avenida 23 de Maio, importante corredor de ligação entre a Zona Sul e o Centro da cidade. O ato, no entanto, foi rapidamente desmobilizado por agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, acampamentos de apoiadores do ex-presidente também foram desfeitos nas cidades de Porto Alegre, capital do estado, e de Santa Maria, na região central. Na cidade do interior, os manifestantes ocupavam uma área próxima à 6ª Brigada de Infantaria Blindada.
A exemplo dos demais estados, os grupos estavam concentrados próximos aos Quartéis Militares desde o resultado do segundo turno das eleições, após a derrota de Jair Bolsonaro para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
*Com informações da Agência Estado
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