Alguns fantasmas começam a rondar a Esplanada dos Ministérios, mas os integrantes do governo Lula garantem não estar assombrados. Em entrevista após a primeira reunião ministerial do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa afirmou que, apesar da polêmica envolvendo a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, tal assunto "não tem nada de relevante" e "não está na agenda do governo". Daniela é alvo de acusações de ligação com a milícia, por ter aparecido em fotos ao lado de Juracy Alves Prudêncio, o Jura, condenado e preso por chefiar uma milícia na Baixada Fluminense, e a esposa dele, a ex-vereadora Giane Prudêncio.
Segundo Rui Costa, o caso de Daniela não foi abordado na reunião ministerial. A ministra esteve presente na reunião e, segundo interlocutores, fez uma breve fala em que se disse 'tranquila'. "Esse assunto não tem nada relevante, substantivo que justifique qualquer preocupação, neste momento, do governo. E, portanto, isso não está na agenda do governo", comentou Costa.
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Além de fotos que vinculariam Daniela às milícias, o marido da ministra, o prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro, o Waguinho (ambos do União Brasil), também é apontado como próximo de criminosos. Nas redes sociais, Giane Prudêncio aparece ao lado da nova ministra em atos da campanha para a Câmara dos Deputados.
Fiador de Daniela Carneiro na Esplanada, o União Brasil saiu em defesa da ministra. "O União Brasil conhece a competência e confia na capacidade de gestão da ministra do Turismo. Daniela Carneiro, a deputada federal mais votada do Rio de Janeiro. Uma escolha acertada do presidente Lula para conduzir a política de turismo no país rumo ao desenvolvimento econômico e social", diz nota assinada por Luciano Bivar, presidente da legenda.
Outro caso complicado é o do ministro da Integração e Desenvolvimento Regional Waldez Góes. Ex-governador do Amapá, ele foi indicado pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP). Góes foi condenado a seis anos de prisão por peculato pelo Superior Tribunal de Justiça. Um recurso está sob análise no Supremo Tribunal Federal.
Oficialmente, integrantes do governo Lula não veem razões suficientes para impedir o ingresso de Daniela Carneiro e Waldez Góes no governo Lula. Mas a mensagem presidencial de ontem deixou claro que, no momento que julgar necessário, o chefe do Executivo dispensará quem for um estorvo para o governo.
Puxão de orelha
Além de observar a trajetória política de seus integrantes, o novo governo está atento em evitar trombadas na Esplanada. Esta semana já houve desgaste causado pelo ministro da Previdência, Carlos Lupi, ao defender a revogação da reforma das aposentadorias. Em seu discurso de posse, o ministro mencionou uma "antirreforma", atacando a legislação que, para ele, foi "feita para tirar direitos" dos trabalhadores. Lupi foi desautorizado pelo chefe da Casa Civil, Rui Costa.
Ontem, ao ser questionado se o presidente Lula chamou a atenção dos subordinados para alinharem o discurso, Costa disse que todos ainda estão "arrumando a casa". E usou uma metáfora do futebol para explicar o atual momento.
"É como um excelente técnico que convoca seus atletas para uma seleção. De início ele não vai direto ao campo", comparou. "Um técnico, em primeiro lugar, leva seu time para o auditório e uniformiza a equipe com aquilo que ele está pensando de estratégia, de ritmo. O objetivo da reunião não foi em hipótese alguma fazer algum reparo", frisou.
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