A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela escolha do nome dela para chefiar uma das mais importantes pastas da Esplanada dos Ministérios, apesar das divergências na teoria econômica com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outros integrantes da equipe econômica.
“O time da economia vai fazer a diferença e vai fazer com que esse governo dê certo, fazendo as propostas certas para não faltar o Orçamento para as políticas públicas”, garantiu a ministra, que defendeu um governo não apenas do PT, mas da “Frente Ampla”, com força a reforma tributária, que será coordenada pelo economista Bernard Appy, autor da proposta da reforma da Câmara, a PEC 45/2019, e secretário especial para o tema na Fazenda. “A reforma tributária não poderia estar em melhores mãos e já demorou tempo demais para ser efetivada”, afirmou.
A cerimônia de transmissão de cargo de Simone Tebet foi bastante concorrida nesta quinta-feira (5/1) e contou, pela primeira vez, com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, desde segunda-feira (2), assumiu oficialmente o cargo e deu início às posses durante a primeira semana de governo. O ex-presidente José Sarney (MDB) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) também prestigiaram a nova ministra.
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“Vamos deixar as divergências para depois de comungar da opinião de Haddad, da aprovação urgente da Reforma Tributária, para que tenhamos um sistema tributário menos regressivo para a população”, acrescentou Tebet, que será chefe da pasta de dois institutos importantíssimos para a definição de políticas econômicas e sociais: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Além disso, defendeu o intercâmbio de informações entre o Ipea e o Tribunal de Contas da União (TCU), que tem estudos importantes sobre a qualidade do gasto e, com isso, melhorar a alocação de recursos com efetividade.
Em seu discurso, Tebet defendeu um melhor controle fiscal para que o governo consiga cumprir as promessas de inclusão social. “Não há política social sem política fiscal responsável”, frisou ela. Em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-senadora disse que a saída do “capitão”, deixou a terra arrasada e “sementes de destruição”.
A ministra não deixou de defender o combate à inflação e aos juros antes. “Não há problema maior na economia do que a inflação”, afirmou, citando Lula, que, segundo ela, tem capacidade para tirar a instabilidade política que atrapalhava o trabalho de controle da inflação, que corrói os salários dos trabalhadores brasileiros, e que, ao contrário do governo, não consegue emitir moeda.
Durante o discurso, Tebet admitiu que questionou Lula pela escolha dela para o Planejamento, e que o presidente respondeu para a surpresa dela: “É isso o que eu quero. Um presidente democrata não atrai os iguais”, resumiu. “O que me moveu foi a certeza de que tudo o que nos une é infinitamente maior do que aquilo nos separa: a defesa da democracia e o sonho da cidadania para todos os brasileiros. Isso somente é possível com um crescimento econômico duradouro e sustentável que gere emprego e renda para os brasileiros e que tire o Brasil do mapa da fome”, acrescentou Tebet, justificando o porquê de ter aceitado o desafio.
Antes, contou que ficou relutante em aceitar um cargo no governo, porque o apoio a Lula no segundo turno, segundo a ministra, “foi incondicional”. “Aceitei porque entendo ser necessário contribuir para a concretização efetiva dos seus compromissos de campanha, além da importância da presença da frente ampla, num país dividido ao meio”, disse.
Elogios
Tebet elogiou particularmente Alckmin e Haddad, o qual ela chamou de “o mais importante ministro da Esplanada”. Além disso, também fez elogios a Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, pasta que foi criada com o desmembramento do antigo Ministério do Planejamento, e que também foi prestigiar a ex-senadora e ex-candidata à Presidência.
Antes da fala de Tebet, várias autoridades discursaram, entre elas, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que destacou a importância da pasta e que vai planejar e definir estratégias e políticas de Estado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende adotar para o país não apenas no atual governo.
Segundo ele, o Ministério do Planejamento não cuida apenas do Orçamento e define as políticas públicas, mas acima de tudo, vai planejar os próximos passos do presente e do futuro do do país. Ele destacou que Lula escolheu uma pessoa com bastante “sensibilidade” para o cargo e defina um planejamento de onde o Brasil quer chegar nos próximos anos.
Primeiro a falar, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) foi o primeiro a falar e destacou a biografia da nova ministra. “Agora, juntando a essa equipe de craques, mulheres e homens, e tendo um técnico competentíssimo e campeão, que é o presidente Lula é que nós haveremos de ter esse pleno êxito”, disse.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) foi a segunda a falar durante a cerimônia e também destacou a biografia da companheira de Senado e destacou a importância da democracia e das mulheres na política. “Esse é o nosso tempo”, afirmou.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, falou em quarto lugar, depois de Rui Costa, e afirmou que pretende trabalhar em conjunto com a chefe do Planejamento para inclusão de mulheres e no combate à desigualdade social.
Perfil
Advogada e ex-professora universitária de Direito, Simone Tebet foi senadora do MDB pelo Mato Grosso do Sul entre 2015 e 2022. Começou a vida pública há mais de 20 anos como Deputada Federal. Depois, foi eleita prefeita da sua cidade natal, Três Lagoas, por duas vezes. Foi vice-governadora e secretária de Governo de seu Estado.
No ano passado, Tebet aumentou a sua projeção como uma voz em defesa dos direitos femininos ao se lançar candidata à presidência da República. Saiu das urnas como a terceira mais votada. No segundo turno, apoiou o presidente Lula e participou de sua campanha.
Como senadora, foi a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Foi também líder do MDB; Líder da Bancada Feminina; presidente da Comissão Mista de Combate à violência contra a Mulher e teve atuação de destaque na CPI da Pandemia.
Simone Tebet é advogada e foi professora universitária de Direito. Ela foi considerada pela BBC uma das mulheres mais influentes e inspiradoras do mundo. Entrou na lista “BBC 100 Women 2022”, ao lado de outras duas brasileiras (Alice Pataxó, Erika Hilton) e de personalidades que atuam em defesa do protagonismo e progresso feminino.
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