ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS

Ministro, Alckmin critica 'descaso' de Bolsonaro e prega reindustrialização

Vice-presidente assumiu a pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio mirando traçar plano para impulsionar o PIB brasileiro

Guilherme Peixoto - Estado de Minas
postado em 04/01/2023 19:31 / atualizado em 04/01/2023 19:32
Alckmin (foto) vai acumular as funções de vice-presidente e ministro responsável pelo setor industrial -  (crédito: Evaristo Sa / AFP)
Alckmin (foto) vai acumular as funções de vice-presidente e ministro responsável pelo setor industrial - (crédito: Evaristo Sa / AFP)

Sob os olhares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) assumiu, nesta quarta-feira (4/1), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Ao tomar posse do cargo, durante solenidade em Brasília, Alckmin pregou a necessidade de reindustrializar o país e aumentar a participação do setor na composição do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O novo ministro apontou "descaso" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ante a área industrial.

"Ou o país retoma a agenda do desenvolvimento industrial ou não recuperará um caminho de crescimento sustentável, gerador de emprego e distribuidor de renda", disse.

Alckmin fez uma retrospecto da participação da participação da área industrial na economia brasileira e afirmou que, durante a década de 1980, se excluídas as indústrias extrativas, as fábricas correspondiam a cerca de 20% do PIB. Em 2020, contudo, a fatia foi reduzida a 11,3%.

"Entre 1980 e 2020, a indústria dos Estados Unidos mais do que dobrou de tamanho; a do mundo, ficou três vezes maior; a da China, 47 vezes maior. Mas, a do Brasil, cresceu apenas 20%", lamentou.

Bolsonaro extinguiu o MDIC e atribuiu os trabalhos da pasta ao antigo Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes. Segundo o vice-presidente, a recriação pode aprimorar o apoio governamental aos envolvidos no processo industrial. Ele prometeu trabalho conjunto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), liderado por Aloizio Mercadante (PT).

"Depois de quatro anos de descaso, má gestão pública e desalinho com os reais problemas brasileiros, o presidente Lula, com acerto, determinou a criação desse ministério, como medida fundamental para o Brasil retomar o caminho do desenvolvimento, como ocorreu em seus governos bem-sucedidos", festejou.

Lema federal pauta posse

Durante o discurso de posse, Alckmin citou o lema do novo governo federal: "união e reconstrução". Ex-governador de São Paulo, o socialista tem bom trânsito com interlocutores ligados à indústria nacional.

"O esforço de reindustrializar o Brasil, de aperfeiçoar ainda mais nossa agroindústria e todo o parque industrial, agregando-lhes mais valor, e de incluir os trabalhadores em nossa economia, não são tarefas episódicas, mas uma obra de todo o governo", assegurou.

Segundo ele, o incentivo à produção industrial precisa ocorrer para garantir "justiça social". "A reindustrialização é essencial para que possa ser retomado o desenvolvimento sustentável", pregou.

Alckmin disse crer que o Brasil pode ser protagonista da "descarbonização" da economia global. Por isso, projetou a construção de pontes com Marina Silva (Rede), ministra do Meio Ambiente.

A pasta de Indústria e Comércio terá, inclusive, uma secretaria voltada ao incentivo à economia verde. A ideia inicial de Lula era entregar o MDIC a um representante do setor empresarial. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, chegou a se reunir com o petista para tratar do tema. Filho do ex-vice-presidente José Alencar, ele recusou o convite. A tarefa, então, foi repassada a Alckmin.

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