A especialista em gênero e violência contra mulher Cida Gonçalves assumiu ontem o comando do Ministério das Mulheres. Em suas primeiras declarações como chefe da pasta, ela enfatizou que o órgão será "de todas as mulheres", independentemente de terem votado ou não no governo Lula. No pronunciamento, outro destaque foi para a afirmativa de que irá trabalhar na "defesa radical da garantia dos direitos" da população feminina.
"Antes de mais nada é importante pontuar: este será o Ministério de todas as mulheres. As que votaram e as que não votaram conosco. E das diversas mulheres que compõem a nossa sociedade. Negras, brancas, indígenas, LGBTQIA , as do campo, da cidade e das águas. Será um Ministério de todas, e com um norte muito definido. Faremos a defesa radical da garantia dos direitos das mulheres", afirmou a ministra.
A ministra também destacou a importância de ter uma pasta dedicada exclusivamente para as mulheres com status de ministério. Ela criticou a gestão de Damares Alves (Republicanos, agora senadora pelo Distrito Federal. Segundo a especialista, as decisões tomadas no poder de Jair Bolsonaro são parte de "projeto político de invisibilização e sujeição da mulher".
"No governo anterior, passou a ser chamada de Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Foi uma usurpação, pois não cuidou das mulheres, das famílias e nem dos direitos humanos. Muito pelo contrário. A destruição dos direitos das mulheres no último governo não foi um acaso, mas um projeto. Um projeto político de invisibilização e sujeição da mulher", disse.
"Tal projeto, iniciado no terreno do simbólico, desmontou as políticas públicas, praticamente extinguiu orçamentos, atuou na desestruturação institucional, liquidou com direitos e, por fim, retirou até a vida de milhares de brasileiras", criticou Gonçalves.
Nome bem recebido
Cida Gonçalves ocupou o cargo de secretária nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres nas gestões petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef. Ela também atuou na equipe de transição do governo após as eleições. Atualmente, a ministra trabalha como consultora em políticas públicas para o enfrentamento da violência doméstica e dá workshops a prefeituras e governos estaduais no setor.
O nome dela foi bem recebido pelas entidades ligadas ao combate à violência e ao direito da mulher. Durante pronunciamento, uma plateia de representantes mulheres de diversos movimentos sociais entoou o coro de "me representa". No palco, estavam seis das onze ministras indicadas por Lula: Marina Silva (Meio Ambiente); Margareth Menezes (Cultura); Sonia Guajajara (Povos Indígenas), Daniela Carneiro (Turismo), Anielle Franco (Igualdade Racial), Esther Dweck (Gestão).
Também estiveram na solenidade a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), deputadas federais e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Cida Gonçalves citou os altos índices de feminicídio registrados nos últimos anos no país e prometeu combater a violência. As ministras que chefiaram a pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no governo Bolsonaro não compareceram.
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Nova estrutura
A pasta passará por mudanças estruturais para a execução das ações. A ministra Cida Gonçalves anunciou o nome de Maria Helena Guarezil como nova secretária-executiva do órgão. Também foram criadas três novas repartições: Secretaria Nacional de Enfrentamento à Violência, Secretaria Nacional de Autonomia e Cuidados e Secretaria de Articulação Institucional e Participação Política (veja arte).
Para a defesa da garantia dos direitos das mulheres, os eixos principais de trabalho serão sobre profissionalização e mercado, atendimento em situação de violência e equidade salarial. A ministra disse que haverá a reconstrução do programa Mulher Viver Sem Violência, além da retomada da Casa da Mulher Brasileira, que acolhe vítimas de agressão e violência sexual, e a melhoria do Disque 180.
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