COMUNICAÇÃO

Paulo Pimenta promete rever contratos e reconstruir a Secom no novo governo

Ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta pretende recuperar, principalmente, as campanhas de vacinação e eliminar viés ideológico

Rosana Hessel
postado em 03/01/2023 19:13 / atualizado em 03/01/2023 19:14
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

A Secretaria de Comunicação (Secom) do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem como missão reconstruir as áreas de comunicação institucional, envolvendo a comunicação governamental e a publicidade, mudando o posicionamento tanto dentro do país quanto no exterior, de acordo com o novo ministro, Paulo Pimenta.

“Na realidade, a Secom está sendo reconstruída”, disse o ministro, nesta terça-feira (3/1), a jornalistas após a cerimônia de posse no Palácio do Planalto, que contou com a presença da ex-presiente Dilma Rousseff.

Paulo Pimenta destacou que pretende, nos próximos dias, analisar todos os contratos das três áreas de comunicação e traçar um novo plano, recuperando principalmente as campanhas de vacinação, que estão com níveis baixíssimos. “O governo federal precisa recuperar sua capacidade de ser um espaço de divulgação de informações com credibilidade e, principalmente, como ele é um espaço importante de divulgação de informações institucionais, e também da prestação do serviço”, disse.

“A campanha de vacinação não pode estar contaminada pelo viés ideológico”, frisou ele, lembrando que o país era lembrado como referência internacional nas campanhas de vacinação que normalmente fazia, e contra o HIV.

“As campanhas no Brasil que eram referência internacional, como a campanha sobre a questão do HIV, o país parou de fazer. As campanhas de vacinação, na semana passada, eu vi uma reportagem sobre vacinados contra poliomielite e sarampo com níveis baixíssimos, porque o governo parou de fazer campanhas. Mas não é possível que uma agenda nacional de prestação do serviço seja capturada por uma visão ideológica, seja lá de quem estiver à frente do governo”, afirmou.

Segundo ele, o governo precisa garantir essa proteção aos cidadãos. “O governo tem funções diferentes. Quando você confunde todas elas, evidentemente que a coisa não fica boa”, complementou.

Novas tecnologias e combate às fake news

De acordo com o ministro, o trabalho da Secom também precisará ser atualizado do ponto de vista de novas tecnologias e novas ferramentas de comunicação, além de combater as fake news. “Eu conversava com uma pessoa que exerceu essa função que eu vou exercer agora, na época, ele me disse que, no máximo, o que eles tiveram a oportunidade de trabalhar foi com o Orkut. Então, é evidente que uma estrutura de uma secretaria de comunicação hoje tem que estar sintonizada e precisa estar atualizada, para trabalhar com as novas mídias, com as novas tecnologias”, afirmou.

Pimenta reconheceu que o Brasil também tem que acompanhar o debate global sobre a questão das políticas digitais. “Acredito que todo mundo tem que participar dessa discussão. É um debate que o mundo todo tem se debruçado, é uma discussão necessária. A Comunidade Europeia tem avançado muito nesse debate, os Estados Unidos têm feito essa discussão. E o Brasil, pelo seu protagonismo e pela sua importância, tem que estar junto nesse debate, nessa construção”, pontuou.

E, nesse sentido, defendeu que o melhor caminho “é um ambiente amplo de debates na sociedade, com regras claras” sobre as regras no ambiente digital. “Não se trata aqui de uma discussão de conteúdo, de liberdade de expressão”, emendou.

Na avaliação do ministro, será preciso discutir algo mais amplo na sociedade. “Não é possível que o governo federal utilize verbas públicas para fazer impulsionamento, patrocinar desinformação, muitas vezes em sites ou em espaços que ninguém sabe qual é a sua origem, qual é o seu alcance, sem nenhuma possibilidade de aferição”, alfinetou, em referência ao governo de Jair Bolsonaro (PL). “Porque o objetivo da comunicação do governo é entregar e fazer com que a informação chegue até o cidadão”, acrescentou.

Gabinete do ódio

Ao ser questionado sobre o chamado "gabinete do ódio" do governo anterior, Pimenta disse que, por enquanto, desconhece que os integrantes desse grupo eram funcionários da Secom. “Essas pessoas eram nomeadas e exerciam a sua atividade junto ao gabinete do Presidente da República. Eram membros do gabinete e pessoas também que não tinham vínculo com o serviço público”, afirmou.

Contudo, ele disse que ainda está no processo de levantamento das informações dos próprios contratos da Secom. “Daqui a três ou quatro dias vamos poder ter uma leitura mais clara sobre as condições”, afirmou.

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